BLOG DEDICADO À PROVINCIA DE NAMPULA- CONTRIBUINDO PARA UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA EM MOCAMBIQUE

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Friday, December 2, 2011

A luta por uma unidade nacional partilhada começa nas autarquias

Sexta, 02 Dezembro 2011 04:45
Editorial

Maputo (Canalmoz) - As eleições autárquicas do próximo dia 07 de Dezembro continuam a mexer com o País. Não só com Quelimane, Cuamba e Pemba. Está em causa: o futuro centro do Poder em Moçambique, muito para além dos cargos municipais em disputa.

Para quem tem à sua frente a batalha partidária de 2012 em Pemba, quando se realizar o 10.0 Congresso da Frelimo, estas eleições autárquicas “intercalares” são mais do que meras eleições locais. São determinantes para o jogo interno de Poder no Partido Frelimo. Para se perspectivarem cenários nas próximas eleições gerais e presidenciais, estas eleições também ultrapassam a mera importância local.

A vitória da oposição nestas eleições poderá ajudar a própria Frelimo a dar um enorme passo que lhe permita libertar-se do preconceito de ter o Poder no seu seio encravado no eixo ronga-shangane, pulverizado por uns quantos oportunistas das províncias “deslocados” em Maputo com os olhos postos nos seus benefícios directos e ignorando simultaneamente os seus conterrâneos.

A grande batalha nestas eleições, tudo indica que está no eixo Cuamba-Quelimane. Nestas duas autarquias estará em causa sobretudo a oportunidade dos eleitores locais demonstrarem que com os recursos naturais em exploração, é preciso que se comece pelos “bons sinais” nestas “intercalares” para que o vento volte a soprar-lhes favoravelmente e deixem de ser zonas do País onde certos senhores acomodados no extremo Sul se deslocam lá apenas para irem buscar votos para os que servem os seus propósitos mas ao mesmo tempo impedem que os que vivem nas zonas onde estão os recursos consigam beneficiar deles.

A luta agora é descentralizar para que o Poder local possa exigir dividendos do que acontece nos seus espaços, sem, obviamente, se prejudicar o resto do País. O que hoje acontece é que as províncias são meros campos de produção de riqueza de afortunados instalados na capital do País. E é isso que deve mudar, mas só muda se localmente se lutar por mudanças que não passem de mudança de nomes. A atitude dos eleitos tem de passar a ser mais pelos munícipes das respectivas autarquias.

O exemplo do gás de Temane e Pande, a norte de Inhambane, e a falta de interesse que os eleitores desta província têm demonstrado pelas sucessivas eleições traz-nos à memória a necessidade de se perceber de uma vez por todas que “camarão que dorme a onde leva”. O gás está em exploração mas não se vêem vantagens práticas para as gentes de Inhambane. Os afortunados com este negócio estão em Maputo e tudo o resto continua a ser paisagem. Uns poucos apresentando-se como originários de certas províncias só se preocupam com elas quando há eleições. Os resultados estão à vista. Eles vivem na capital do País rodeados de fartura fruto do seu alinhamento com o partido no poder, vendendo a sua influência junto dos seus conterrâneos, mas de onde saem as riquezas não fica nada ou ficam apenas as migalhas. Não pode continuar a ser assim. E só muda se deixar de haver “lacaios”. Só muda se o voto for usado conscientemente. Só muda se elegerem aqueles que se recusem a ser “lacaios”.

Os que estão nas terras continuam a ver o produto da terra a ser levado sem que lá fiquem benefícios.

A luta interna na Frelimo para que os que são do Centro e do Norte também possam chegar ao Poder, só terá a ganhar se os candidatos da Frelimo perderem estas “intercalares”.

Para se impor a vontade dos cidadãos que estão nas zonas onde estão os recursos naturais, é preciso entrar-se no jogo político. E sendo que é por via das eleições que se encontram os governantes, é preciso ir-se votar.

Ao ir-se votar na alternância de Poder consegue-se sobretudo impedir que sejam sempre os mesmos a exercer o Poder. Consegue-se que se refresque o Poder. Consegue-se dando oportunidade a outros que não se deixem vergar perante aqueles que querem fazer deles marionetas. Para que as coisas possam melhorar nos respectivos municípios é preciso que se escolha quem tem ideias novas…

Os mesmos sempre no Poder, dá sempre o mesmo: Uns cada vez mais ricos, outros cada vez mais pobres.

Ainda há dúvidas?

A Frelimo libertou Moçambique porque o vento soprava do Norte.

O vento tem de voltar a soprar do Norte.

A Renamo impôs “vento do Norte” e acabaram as guias de marcha, acabaram os campos de reeducação, acabaram as aldeias comunais, e foi implantada uma nova Constituição que impede que os abusos que antes eram praticados por quem estava no Poder, deixassem de ter cobertura legal.

É certo que nestas eleições autárquicas todos os candidatos são das respectivas autarquias e todas elas estão no Norte. Mas os que sempre estiveram ao serviço de quem de Maputo se preocupa mais com os seus interesses pessoais do que com as suas terras, mesmo que delas sejas oriundos, devem ser afastados para que se possa experimentar os frutos de novos gestores da coisa pública.

Ainda nestas eleições está uma enorme oportunidade dos jovens se imporem. Quelimane, Cuamba e Pemba podem entrar para a história, fazendo as coisas mudarem.

Daviz Simango tornou-se na Beira o primeiro independente a vencer dois partidos militarizados. Depois disso foi fundado o MDM.

Os três candidatos do MDM poderão entrar para a história como os primeiros representantes de um partido sem passado militar, a vencerem eleições.

O MDM é produto de uma “revolta popular” contra quem quis contrariar a vontade dos beirenses. Venceram os que desobedeceram a ordens que desrespeitavam os mais elementares princípios democráticos. Uns queriam “vender” a Beira em seu próprio benefício, a quem a queria reconquistar. Os beirenses disseram não aos que os queriam “teleguiar” e hoje estão finalmente a começar a sentir os benefícios da sua determinação.

Em Quelimane, Pemba e Cuamba, respectivamente, os edis eleitos nas últimas eleições autárquicas, todos eles da Frelimo, foram humilhados e obrigados a resignarem ao mandato que tinham recebido dos eleitores locais. As ordens para se demitirem tiveram que ser escrupulosamente cumpridas para se salvar a imagem de quem queria manter os cidadãos locais amarrados e às ordens de longe. A Frelimo humilhou “gente da terra”…

A oportunidade dos eleitores de Quelimane, Pemba e Cuamba dizerem “aqui mandamos nós” estará ao alcance deles no dia 07 de Dezembro. É já daqui a dias que o seu futuro se decide. Veremos se preferem continuar “escravos” ou se preferem assenhorearem-se do seu destino, escolhendo novos caminhos que lhes tem estado, sistematicamente, a ser negado por quem esteve no poder desde a Independência Nacional.

O País precisa, “como de pão para a boca”, que o poder se desconcentre das mãos dos mesmos de sempre. Moçambique irá dar um grande salto qualitativo se os eleitores experimentarem outra gente para governar.

A autonomia municipal não pode continuar só no papel. É preciso que os “filhos de cada terra” digam não aos seus conterrâneos que se deixam subjugar e submeter a ordens de longe.

Ser-se pela unidade nacional não é ser-se subserviente.

O que é do País é de todos, não pode ser só para quem está acantonado em Maputo. É preciso lutar para que deixe de ser assim. Ninguém larga o “bife” sem lho tirarem. É preciso impor a repartição justa dos benefícios. Isso não se faz com “lacaios”.

O País não pode continuar a ser de um feudo de gente que se concentra na sua capital, Maputo, proveniente das províncias, nem de quem se oferece para localmente lhes prestar vassalagem para subjugar os seus conterrâneos.

O Poder Central tem de ser o resultado da soma das vontades de todos os moçambicanos espalhados pelo território nacional.

O poder autárquico tem de ser pelos munícipes de cada edilidade.

O resto do País não pode continuar a ser a machamba de quem vive em Maputo. Localmente tem de haver benefícios. E isso não está a haver.

Esta luta por uma unidade nacional partilhada começa nas autarquias.

Os munícipes de Quelimane, Pemba e Cuamba, podem mostrar aos outros moçambicanos que é hora de decididamente nas províncias se começar a impor a vontade de quem lá vive.

É hora de rejeitarem os “lacaios”.

É hora de se rejeitarem novas caras que se candidatam apenas para se manter o mesmo disco e a mesma música.

É preciso mudar o disco para que toque outra música.

Os munícipes de Pemba, Cuamba e Quelimane têm na próxima quarta-feira uma oportunidade histórica para provarem que as suas cidades podem mudar.
Fonte:(Canalmoz /

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