Membros e simpatizantes do partido Renamo, maioritariamente composto por eleitos a deputados para as Assembleias da República e Provincial, concentraram-se, na manhã desta quarta-feira, defronte da residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, na cidade de Nampula. Estes queriam saber junto do líder da Renamo as razões que fazem com este os proíba de tomar posse nos órgãos em que foram eleitos. Contudo, contra todas as expectativas, o líder da Renamo recusou recebê-los alegando que estava ocupado.
Aqueles membros e simpatizantes da Renamo eleitos a deputados das Assembleias da República e Provincial, pelo círculo eleitoral de Nampula, dizem-se traídos pelo seu líder alegadamente pelo facto de os estar a proibir de tomar posse naqueles órgãos.
Para o efeito, aquele grupo concentrou-se na manhã desta quarta-feira, defronte da residência de Afonso Dhkalama.
Soube o SAVANA que os renamistas queriam saber do seu líder as razões que fazem com este não os deixe tomar posse nos órgãos em que foram eleitos pelo povo.
Ademais, questionam o facto de em outros pontos do país os membros da Renamo terem tomado posse sem que nada de mal lhes tenha acontecido.
Avançam referindo que o comportamento da liderança da Renamo perante estes actos os faz pensar que estão a ser enganados por Afonso Dhlakama e os seus correligionários.
“Estamos aqui para dialogar com o nosso presidente. Pelo bem do partido e da democracia, ele deve nos explicar o porquê de não tomarmos posse, visto que, no nosso entender, o facto de a gente tomar posse não implica que vamos deixar de reivindicar os nossos direitos, não quer dizer que deixaremos de protestar contra a fraude de que fomos vítimas. Queremos apenas cumprir a lei ”, disse um dos presentes.
Aquele grupo de renamistas permaneceu durante quatro horas naquele local e abandonou sem que tenha sido recebido pelo líder.
Ao deixar o local, os nossos interlocutores disseram-nos que o líder da Renamo alegou que estava ocupado. Contudo, não disse quando é que estaria em condições de receber o grupo em alusão.
No contacto que o SAVANA manteve com aquele grupo notou que a questão pessoal é que está a pesar mais nas reivindicações. Antes do partido, os deputados eleitos estão já a pensar em salários e outras regalias que se vêem na iminência de perder apenas porque o líder e os seus colaboradores directos não estão interessados.
Um dos nossos entrevistados disse que o líder da Renamo está a obrigar os seus membros a não tomar posse enquanto ele cumpre com tudo o que a lei preconiza e desfruta das respectivas benesses.
“Não queremos desobedecer às suas ordens, mas agradecíamos que nos autorizasse a tomar posse primeiro para depois irmos às manifestações”, frisou.
Com vista a obter mais esclarecimentos acerca do assunto, o SAVANA contactou Arnaldo Chalaua, porta-voz da Renamo em Nampula. Este disse que não estava autorizado a falar sobre o assunto.
Membros da Renamo ignoram ordens de Dhlakama
Com excepção da cidade de Maputo, que por força da lei não houve eleições, os membros das assembleias provinciais tomaram posse em todo país, na manhã desta terça-feira.
O acontecimento foi caracterizado pela presença, em alguns círculos, dos membros eleitos pela Rena-mo, contrariando a voz superior de que ninguém devia tomar posse.
Tal como se verificou nas últimas eleições autárquicas, sobretudo no município de Nacala, alguns membros da Renamo eleitos para as assembleias provinciais, ignoraram as ordens da liderança do partido e tomaram os seus assentos naqueles órgãos.
Lembre-se que em Fevereiro de 2009, os membros da Renamo eleitos para as assembleias municipais também ignoraram as ordens do partido e tomaram posse nas suas autarquias. O mesmo se verificou com o edil cessante de Nacala, Manuel dos Santos, que não acatou as ordens de não entregar as chaves do município ao candidato vencedor.
São os casos das assembleias provinciais de Maputo e Zambézia que ignoraram por completo as ordens de Afonso Dhlakama e se fizeram ao local das cerimónias.
Enquanto que na província da Zambézia, apenas três membros de um total de 38 assentos ganhos pela Renamo, é que se fizeram ao local do evento, em Maputo, todos membros eleitos tomaram posse e um deles até foi eleito como segundo vice-presidente.
Dizem os membros da Renamo ao nível da província de Maputo, que a ordem da liderança da Renamo não foi acatada na medida em que esta nunca chegou a ser conhecida pelos mesmos.
Segundo estes, oficialmente, a delegação política da Renamo na província de Maputo, não chegou a receber informação sobre o tal boicote e tudo o que sabiam se limitava ao que foi difundido na imprensa.
Em contacto com o S SAVANA, Issufo Momade, secretário-geral da Renamo, desvalorizou estes factos referindo que não vê motivos para alarme na medida em que nas 10 províncias, apenas Maputo é que não acatou.
Disse que os membros da Renamo que tomaram posse têm 24 horas para se redimirem e renunciarem os seus mandatos sob o risco de serem sancionados com a pena de desobediência à ordem partidária.
“Tenho a certeza de que quando eles tomaram posse, não estavam conscientes do que estavam a fazer. Nós os entendemos e demos 24 horas para se redimirem. Se não obedecerem tomaremos as devidas medidas disciplinares”, frisou.
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