Monday, April 2, 2012
Inhambane – um sinal dos tempos!
Edwin Hounnou - edhounnou@yahoo.com.br
O comportamento da Frelimo, no poder desde a Independência Nacional, em 1975, na cidade de Inhambane, é típico de quem nunca sentiu escoriação política na luta pela conquista de espaço.
A tranquilidade que tem estado a demonstrar ou mesmo a ausência total de actividade de base revela a mentalidade de quem pensa que o Sul é seu “feudo político” por direito natural.
Acha que não é preciso trabalhar com as bases porque o povo vai votar em si e em seus candidatos.
A Frelimo pensa que basta lançar a Força da Intervenção Rápida e o STAE para manobras mais sofisticadas a fim de impedirem que seja perturbado o eterno sono dos “grandes da Nação”.
Desde os primórdios do multipartidarismo que o território ficou, aparentemente, dividido. Entre o Rio Save e a Ponta de Ouro, zona de línguas derivadas do tsonga, pertence à Frelimo. A Renamo não trabalha nesta região por se ter convencido de que é território do “outro”.
Entre os rios Save e Rovuma, pertence à Renamo, notando-se nesta região malabaristas da Frelimo num exercício de dominar tudo, diferente da Renamo que se encontra em profunda letargia. Assim, assistiu-se à reconquista da Zambézia, Nampula, Niassa, Tete, Manica e Sofala, pela Frelimo, nas eleições de 2004 e a perda dos cinco municípios governados pela “perdiz”, a partir de 2003.
Agora, é diferente. Não há divisão territorial por afinidade e nisso enganou-se o “defensor” dos camaradas, Dr. Almeida Santos, ex-presidente da Assembleia portuguesa, que profetizou que o MDM é um fenómeno circunscrito ao Xiveve.
Quando Quelimane foi tomada, a 07 de Dezembro de 2011, Almeida Santos ficou calado. Vai ficar mudo com a eminente queda de Inhambane, a 18 de Abril próximo.
A Força de Intervenção Rápida usada para abafar os levantamentos populares e aniquilar os adversários do partido governamental, como ficou demonstrado em Quelimane, não será capaz de parar o vento com as balas, cassetetes e algemas.
A polícia deixa antever que a eleição intercalar de 18 de Abril poderá vir a ser uma das batalhas mais difíceis travadas depois da longa guerra dos 16 anos. A intimidação dos jornalistas já começou e a travessia do Rio Save voltou aos tempos das guias de marcha, alegando quem o faz que está para controlar “movimentos estranhos”.
Mas entretanto vai procurando humilhar gente honesta, gente pacífica, moçambicanos simples com projectos de vida sérios como aconteceu com os jovens que integrados numa comitiva do MDM foram recentemente mal tratados pela Polícia a mando de alguém que continua a querer que se confunda Estado com os seus interesses pessoais.
Não será a polícia que vai impedir a vontade do povo de Inhambane de escolher o seu novo presidente municipal. Não será o STAE que irá conseguir desviar a vontade popular.
A Polícia e o STAE não sabem ler os sinais dos tempos como as forças dos regimes de Hosni Mubarack, do Egipto, e Muhamar Khadafi, da Líbia, não souberam interpretar a vontade dos povos oprimidos pelos regimes que serviam.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, escreveu Luís de Camões.
Inhambane poderá ser mais um passo no sentido do desmoronamento do absolutismo da Frelimo e o princípio de um Moçambique realmente unido.
Sem intimidação policial nem a “magia” do STAE, a Frelimo poderá ser, severamente, vencida nestas eleições “intercalares” de Inhambane cuja campanha eleitoral se inicia na próxima terça-feira, 03 de Abril.
Todos os condimentos estão no espírito, sobretudo das gentes fartas de promessas, para que Inhambane se torne um ponto de viragem. Na Frelimo o discurso é que se Inhambane cai, cai o resto. Inhambane ganha com isso uma importância vital no percurso da construção da democracia em Moçambique. Foi ali que se escreveu a primeira Constituição, é ali que os “manhambanas” poderão ditar novos rumos à História do País.
Estas eleições de 18 de Abril em Inhambane, poderão ficar para a História. Neles pode-se fazer História.
Os cidadãos de Inhambane querem mudanças e estão fartos de mentiras.
A mensagem que poderá sair de Inhambane nestas “intercalares” é que
“Ninguém é dono de nada” e o País pertence realmente ao Povo.
Fonte: Canal de Moçambique – 28.03.2012
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