Na posse do comandante da PRM em Nacala-Porto
-São 64 espingardas automáticas e semi-automáticas
Um total de 64 espingardas automáticas e semi-automáticas de diversos calibres e mais de cinco mil munições que se encontravam guardadas ilegalmente nas instalações do comando distrital da Polícia da República em Nacala-porto, foram apreendidas há dias pela corporação naquela região do país, num processo que, aparentemente, envolve o comandante local da PRM, Damião Moiane e outros quatro agentes subalternos, bem como gestores das empresas MOCARGO e JDIConsultores, que operam naquele município.
São armas de tipo AK-47, “Rifles” de alta precisão de tiro, munidas de mira telescópica com capacidade de atingir o alvo a uma distância de 7 mil metros, de fabrico russo, chinês e americano.
Segundo Inácio Dina, porta-voz do comando da Polícia em Nampula, as equipas técnicas mandatadas para investigar a denúncia da circulação daquele material bélico no território nampulense, chegaram à conclusão de que o mesmo era introduzido via aérea, a partir do aeroporto de Nampula, bem como marítima em Nacala.
Depois de desembarcado, num processo clandestino, o material era posteriormente “escoltado” por agentes da PRM afectos ao comando de Nacalaporto, que confessaram terem agido a mando do respectivo comandante, Damião Moiane.
Chegadas a Nacala-porto, as armas eram imediatamente acondicionadas nas instalações do Comando distrital da PRM, antes de serem novamente “escoltadas” para os navios agenciados pela MOCARGO, empresa que se presume saber o destino final das mesmas.
Para a PRM, pesam sobre o comandante Damião e outros quatro agentes subalternos, o crime de desvio de fundos do Estado. Pois que consta que o grupo teria recebido entre Maio de 2011 a Março de 2012 (data do início do esquema e da sua neutralização, respectivamente), muito dinheiro (havendo fontes que falam de pouco mais de 500 mil dólares americanos), pela logística referente ao transporte, arrecadação e escolta do armamento clandestino do material bélico.
Por lei, os valores resultantes desta actividade devem reverter para os cofres da Policia e dos serviços sociais da mesma e não para os bolsos de quem efectua a tarefa.
No transporte de uma arma de Nampula a Nacala-porto, o comandante Damião teria fixado a taxa de 15 mil meticais, para além de 7 mil/dia e 1.500 meticais, pelo acondicionamento nas instalações do comando da PRM e transporte para os navios da MOCARGO, respectivamente.
O que prova o envolvimento dos agentes da lei são os cheques nominais que as empresas MOCARGO e JDIConsultores pagavam aos homens da lei, segundo revelam os extractos bancários.
As armas foram encontradas no gabinete do comandante, chefe das operações e não na arrecadação do comando, local apropriado. Para além disso, o comandante chegou a propor a movimentação de alguns agentes envolvidos no esquema, de um local para outro onde podiam ser muito mais prestáveis ao negócio – explicou Dina.
Quanto à MOCARGO, que se presume ser a instituição que, juntamente com uma outra de consultoria denominada JDI, faziam o encaminhamento das armas para o destino final, não conseguiram provar que, para além da vocação de transporte de carga normal e actividade de consultoria, respectivamente, também podem manusear armas de fogo.
Algumas malas, onde as armas se encontram acondicionadas, ostentam nomes de empresas de segurança, designadamente MODANCE SECURITY, SEA GUARD, KENYA RISCK, BLACK PEARL, entre outras em número de nove, supostamente responsáveis pela escolta de navios cujo trajecto marítimo para os locais de destino, passa pelo golfo de Aden, na Somália, onde a acção de pirataria marítima é uma realidade.
De recordar que no dia 15 de Setembro de 2011, quatro cidadãos norte americanos, portando armas de fogo de referência similar ou igual às apreendidas em Nacala-porto, foram neutralizados no Aeroporto Internacional de Nampula, após desembarcar num voo da Kenya Airways. Os quais confessaram, na altura, pertencerem à empresas de segurança marítima e que se deslocavam à Nacala-porto para embarcar num navio com destino à Ásia.
Por determinação do Procurador-Geral da República, o grupo viria a ser restituído à liberdade.
A PRM assegura que as espingardas serão revertidas para o Estado.
Fonte: WAMPHULA FAX – 04.04.2012
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