Encerrando o que considera de uma era de 36 anos de falta de recursos
promete edil eleito, Manuel de Araújo, do MDM, que pretende trabalhar “com todos, sem discriminação”
O presidente eleito da autarquia de Quelimane, Manuel de Araújo, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), anunciou quinta-feira, após o anúncio oficial dos resultados do apuramento intermédio das eleições intercalares da passada quarta-feira, em que venceu com uma margem folgada de 62.7 por cento dos votos, ser prioridade do seu executivo tirar aquele município “do buraco em que se encontra encravado e assim acabar com uma era de 36 anos de falta de recursos”.
Naquela que foi a sua primeira comunicação oficial após o anúncio dos resultados do escrutínio e sem indicar a origem dos investimentos, Araújo reconheceu que o desafio que tem pela frente é grande, mas convidou todos os munícipes, sem excepção, para uma gestão participativa.
“Portanto, não me resta mais nada senão agradecer os munícipes de Quelimane e convidá-los a juntos podermos gerir este município, porque o desafio que temos pela frente é muito grande”, declarou, acrescentando que “foram 36 anos de falta de recursos para este município e então vamos ter que arregaçar as mangas a partir de agora e começarmos a trabalhar para tirar Quelimane do buraco em que se encontra”.
Para o sucesso do plano de governação autárquica, Manuel de Araújo explicou que “vamos constituir uma equipa forte para podermos trabalhar juntos. Porque eu acho que vamos precisar do esforço de todos os munícipes de Quelimane. E aqueles que trabalharam no município, todos vão ser convidados para dar a sua mão. Nós não vamos discriminar ninguém. Quem estiver em condições e quem quiser trabalhar connosco, terá o seu lugar”.
Admitiu que “é lógico que haverá algumas mudanças, mas não serão, pelo menos a breve trecho, mudanças muito radicais, porque o que queremos é aproveitar a experiência que existe para podermos avançar. Aliás, costuma-se dizer que onde estiver um gigante, o melhor é subir nas costas desse gigante para poder ver mais longe. E nós estamos preparados para podermos trabalhar com eles, desde que haja boa fé, desde que haja honestidade, desde que haja boa vontade”.
A uma pergunta de insistência sobre a proveniência dos fundos, o eleito edil de Quelimane acabou por dizer “claro que há uma luz verde. Acho que o primeiro acto que vamos ter após a tomada de posse vai ser um acordo de gemelagem com o município da Beira. Já temos isso em manga e já discutimos os pormenores e logo que tomarmos posse vamos assinar esse memorando de gemelagem com o município da Beira”.
Acrescentou que “também temos em manga várias outras gemelagens com municípios da África Austral, da Europa e de outros cantos do mundo. Portanto, estes vão ser os primeiros passos”.
COFRES VAZIOS?
Depois de admitir que outro primeiro desafio será “conhecer a casa”, numa referência à gestão efectiva da autarquia, ele alertou que “esperamos que não aconteça aquilo que aconteceu no município da Beira, quanto o presidente Daviz (Simango) tomou posse e encontrou os cofres vazios. Portanto, é uma experiência que me tem sido transmitida pelo presidente do município da Beira”.
Manuel de Araújo revelou que há mais de três semanas visitou o município da Beira, onde teve encontro com todos os vereadores e depois de explicações pôde compreender os desafios que enfrentaram quando tomaram a posse.
Sobre a eventualidade disso acontecer em Quelimane, Araújo respondeu: “Eu não receio. Dizem que um homem prevenido vale por dois. Se isso acontecer, vamos ter o plano B que é para começarmos a trabalhar. Espero que isso não aconteça porque deve haver transparência e deve haver boa fé. Eu penso que tanto o tio Afonso (presidente da Assembleia Municipal) como Pio Matos (presidente demissionário do Conselho Municipal) não são pessoas capazes de fazer isso. Eu tenho fé. São pessoas que gostam e amam Quelimane”.
O agora eleito edil de Quelimane revelou também que algumas equipas por si constituídas estão já a trabalhar em vários “dossiers” e que só estão à espera da marcação da data da tomada de posse para atacarem os principais problemas da autarquia.
NOVO CONTRATO SOCIAL
O facto de o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ter conseguido colocar o seu candidato na presidência do município de Quelimane sem nenhum membro na respectiva Assembleia Municipal não deixa de constituir um desafio e Manuel de Araújo reconhece que “é lógico que vai ser um constrangimento, mas nós já começamos a trabalhar com alguns vereadores, neste momento a título individual, tanto os da bancada da Frelimo como os da Renamo, e alguns deles mostraram-se abertos em trabalhar connosco. Agora, o que vamos fazer é manter encontros formais com as chefias das bancadas, mas do ponto de vista individual mostraram-se disponíveis”.
Uma outra pergunta colocada ao eleito edil de Quelimane é se ele e seu partido precisariam de pacto político para viabilizar a sua governação municipal, ao que respondeu: “Nós precisamos de um contrato social com os munícipes. O novo contrato social deve ser conseguido com as forças vivas representativas deste município”.
Sobre como isso será possível sem nenhum representante do MDM no órgão deliberativo autárquico, Manuel de Araújo defendeu que “eu parto para um mandato de dois anos, em que não tenho nenhum membro na Assembleia Municipal e quando eu concorri sabia disso e vai ser com muita humildade e foi com muita humildade que os contactei, alguns por minha iniciativa e outros por iniciativa deles”.
A terminar, o novo homem forte no município de Quelimane justificou que, “portanto, eu acho que existe espaço para nós podermos trabalhar”.
Fonte: DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 10.12.2011
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