PERSEGUIDOS POR PALAVRAS E OBRAS
Atentados Suicidas em Igrejas mataram inúmeros Cristãos na Época do Natal
António Justo
A perseguição aos cristãos matou mais pessoas nos últimos cem anos do que em toda a sua História anterior. O anti-cristianismo raramente é tematizado nos Meios de Comunicação Social pelo facto de os cristãos não se defenderem e assim não se tornarem públicos. Na linguagem corrente o conceito “anti-cristianismo” não é usado. O que não existe nos conceitos não existe na consciência do povo!...
Os cristãos são o grupo mais perseguido do mundo. São alvo de racistas e de pretensos anti-racistas. No mundo árabe e asiático são vítimas de assassinos, perseguição e racismo. Entre nós são vítimas da arma da palavra ou do esquecimento. Tornou-se chique, na opinião publicada e em conversas privadas, ser-se anticristão, anti-papa ou até justificar-se os ataques à bomba de hoje com o passado, como cruzadas, etc. Uma luta cultural insidiosa de militantes do secularismo contra o catolicismo/cristianismo procura atribuir, tudo o que houve de abominável na história política e económica, aos cristãos e não ao cidadão ou ao governo secular de então. Sem se diferenciar, reduz-se o Cristianismo a um bidé onde se lavam as próprias impurezas.
Tornou-se chique falar de anti-semitismo, de anti-arabismo, anticomunismo, de racismo contra ciganos mas não é chique falar-se de anti-cristianismo ou de anti-catolicismo. Vê-se o argueiro no olho dos outros mas não se nota a tranca que se tem nos próprios olhos. Atacam-se os outros para se defender os seus. O anti-cristianismo é descurado nos Media porque os cristãos não se defendem e porque os extremistas do secularismo iluminado precisam do catolicismo como área de projecção, como terreno inimigo a combater. Quem não tem o Islão e outros como inimigo precisa do cristianismo como adversário. O racismo cultural solidariza-se contra os preconceitos contra minorias de outras culturas e aninha-se na própria cultura numa opinião publicada enegrecedora do Cristianismo e falsificadora dos factos. Vive-se bem da mentira das meias verdades. Facto é que o Homem tem em si partes divinas e partes diabólicas independentemente de seu ser de cristão, maçónico, comunista ou capitalista, etc.
Mede-se com duas medidas. O que acontece de mau nos países muçulmanos é visto como obra de extremistas, porém o que aconteceu de mal na História passada é visto como obra dos cristãos. Na nossa sociedade, a difamação de minorias é vista como preconceito, enquanto a difamação de maiorias é legitimada ou aceite. Falta o conhecimento e humanidade. O preconceito contra o Islão deixa de o ser quando se expressa contra os cristãos.
Os Media nos seus títulos falam de “violência depois do atentado na Igreja”; as pessoas assassinadas na Igreja escrevem-se em letras pequenas e à margem da notícia.
PORQUE SÃO OS CRISTÃOS O GRUPO MAIS PERSEGUIDO NO MUNDO?
O Cristianismo é um factor desmancha-prazeres para detentores do poder e carreiristas. Ele coloca o interesse da pessoa no centro e em segundo plano os interesses de economias, ideologias, culturas e estruturas sociais. Todas as estruturas do poder não se sentem bem ao verificarem que uma estrutura global, como o Catolicismo, se erga, globalmente, como voz das pessoas sem voz. Muitos poderosos, especialmente na África e na Ásia, constatam que onde os cristãos estiveram, a democracia, a liberdade política e religiosa, os direitos humanos começaram, por primeiro, a germinar, apesar da corrupção inerente à pessoa. Isto complica-lhes o domínio.
O cristianismo não pertence a nenhuma cultura, raça, sistema ou ideologia; o seu lugar é o Homem e o seu Deus encontra-se no interior de cada pessoa independentemente de confissões religiosas e da crença em Deus. Isto perturba e torna-se numa “ameaça” para quem quer fazer o seu negócio, sem problemas de consciência, à custa da pessoa. O cristianismo é perseguido em toda a parte porque é mais que uma crença, é mais que uma religião. Ele é a religião, a filosofia, do Homem individual integrado na comunidade universal sempre a caminho e sempre em revelação! Consequentemente a dignidade humana encontra-se no Homem e não fora dele; ela não se encontra na cultura, na Constituição, na religião nem na nação. O lugar de Deus é o Homem e isto perturba todas as estruturas e ideologias. Por isso estruturas e sistemas de poder da humanidade passarão mas o cristianismo não passará. Tudo o que verdadeiramente serve o Homem no seu ser humano, permanecerá, o resto passará. Assim, as estruturas e as formas do poder serão sempre relativas e passageiras e os poderosos encontrarão a barreira do Homem, com a sua dignidade, ao seu poder. As culturas, os partidos, as formas de governo passarão, o cristianismo, no que tem de matriz humana e cósmica não passará. Naturalmente que muitos cristãos e não cristãos só conhecem e se interessam pelo folclore cristão. Esta é também uma realidade humana.
No Natal foram assassinados 86 cristãos na Nigéria; nas Filipinas, devido a um atentado à bomba, foram feridas 11 pessoas numa missa de Natal; no Iraque no Natal houve atentados a casas de cristãos e foram impedidas as missas devido a ameaças de islamistas; na passagem de ano, no Egipto, com um atentado a uma Igreja foram mortos 21 cristãos e 97 feridos; no Paquistão donzelas e mulheres cristãs são violadas por muçulmanos para assim ficarem estigmatizadas como “impuras” na sua cultura. Meninas cristãs de 12-13 anos são violadas por muçulmanos, ficando assim impedidas de casar. Por estes e outros meios se impede a proliferação dos cristãos. O maior problema está no facto de tudo isto acontecer no meio do povo sem uma palavra que se levante em defesa dos inocentes. Segundo o Corão todos os meios que sirvam o Islão são legítimos.
O atentado assassino do Egipto é atribuído a uma rede de terror de fora do país e o governo egípcio fala como se os cristãos coptas do Egipto não fossem discriminados. Por um lado são discriminados e por outro lado, procura-se através de ofertas de dinheiro e de ofertas de perspectivas profissionais levá-los à conversão, como me testemunhava um estudante egípcio na Alemanha. No momento em que os muçulmanos atingem 50% da população duma região ou país, passam à ofensiva, exigindo a independência e discriminando os outros com as suas leis de maneira a torná-los minoria. No sentido islâmico, a História da perseguição muçulmana nos países onde dominam é uma História de “sucesso”, como mostra a perseguição da Turquia aos cristãos com o holocausto aos cristãos arménios. Nos últimos 100 anos, a Turquia conseguiu reduzir os cristãos de 25% da população para 0,1% actualmente. A discriminação no Sudão, no Egipto e muitos outros países segue a mesma lógica. No Iraque a perseguição em curso contra os cristãos conseguiu reduzi-los de 1,5 milhões para menos de meio milhão.
Países islâmicos tornaram-se no Inferno ou pelo menos no Purgatório dos Cristãos embora esses países sejam a sua terra natal. Os nossos políticos não acreditam no “Inferno”, por isso não há uma perspectiva de paraíso para eles, nos países em que são perseguidos.
O filósofo judeu Bernard Henry Levy constata que “os cristãos formam hoje, à escala planetária, a comunidade perseguida da forma mais violenta e na maior impunidade.” Esta realidade é calada e até justificada, como se todo o mal do mundo fosse culpa dos cristãos. Esta realidade tem de ser calada para se ter uma “boa consciência”!
António da Cunha Duarte Justo
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