O ano de 2008 será 'pior que 2007' para Moçambique devido à entrada na zona de comércio livre da África Austral, que ontem arrancou, por decisão 'unilateral' do Presidente, sem que o país esteja preparado, acusou na segunda-feira o líder da RENAMO.
A 01 de Janeiro de 2008, os países membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), à excepção de Angola e da República Democrática do Congo, puseram em marcha a chamada zona de comércio livre.
O presidente da RENAMO manifestou o seu descontentamento por o chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza,não ter consultado o Parlamento e o Conselho de Estado sobre esta matéria.
A entrada de Moçambique nesta zona de comércio livre tem merecido fortes críticas de diferentes segmentos da sociedade civil, embora o Executivo de Maputo afirme que, caso os resultados da adesão sejam perniciosos para a economia, o país irá retirar-se.
'Nós, a RENAMO, estamos contra essa decisão, porque Moçambique não está preparado para entrar na integração regional. Moçambique não tem uma classe económica empresarial preparada para competir nem sequer com a da Suazilândia, um país pequeno da região austral de África', afirmou Dhlakama.
'Afinal, o Presidente Guebuza consultou quem? O país não é dele. Nem mesmo consultou o Parlamento. Pelos menos, que tivesse tido uma conversa com os membros do Conselho de
Estado' para falar sobre a entrada de Moçambique nesta zona, acrescentou.
Para Dhlakama, 'Moçambique deveria travar a sua entrada [neste organização], mesmo por 10 ou 15 anos. A sua entrada ia depender do desenvolvimento. Afinal, o que nos move a
entrar?'. 'Quando se adere a uma organização é para se aproveitar alguma coisa e Moçambique não vai aproveitar, passando apenas a vender produtos de outros países', afirmou.
Fazendo o balanço de 2007, Dhlakama disse que, este ano, Moçambique foi afectado por 'vários aspectos negativos' tais como as alegadas inconstitucionalidades do Presidente da República, algumas confirmadas pelo Conselho Constitucional, nomeadamente a criação de órgãos públicos: a Autoridade Nacional da Função Pública e o Conselho de Coordenação da
Legalidade e Justiça, após a denúncia por parte dosdeputados da RENAMO.
'Olhando para o ano político, posso dizer que a própria democracia está a recuar. Hoje não temos o mesmo ambiente que tínhamos há sete anos. Não digo que Joaquim Chissano fosse um bom Presidente da República, mas com ele havia diálogo, abertura, um esforço de mostrar aos moçambicanos a tendência de sermos democratas. Hoje, há um esforço no sentido de regressar ao monopartidarismo', disse.
Dhlakama exaltou os parlamentares da bancada do seu partido que, 'com sucesso, fizeram, pela primeira vez, levar a FRELIMO a aceitar as propostas da RENAMO'.
O líder da oposição destacou igualmente os resultados nefastos das calamidades naturais (cheias e ciclones) que assolaram as regiões centro e sul do país, no primeiro trimestre deste ano, bem como as explosões do paiol de Malhazine, que mataram 103 pessoas e feriram mais de 500 nalguns bairros periféricos de Maputo.
Sem nunca mencionar a reversão da posição accionista da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) de Portugal para Moçambique, considerada pelo Presidente moçambicano como a segunda independência do país, após 500 anos de colonização portuguesa, Dhlakama negou que a vida dos moçambicanos esteja a melhorar.
Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) fez uma avaliação positiva da economia moçambicana,cujo crescimento, nos últimos anos, ronda os sete por cento, considerando, por isso, que o país está a crescer.
Reagindo, o líder da principal força politica moçambicana disse: 'Embora respeite essa instituição, os argumentos que o FMI apresentou são para encorajar qualquer regime em
África. Não digo que não tenha dito a verdade, mas o que disse sobre o desenvolvimento é que houve desenvolvimento comparado com o período da guerra civil, altura em que
Moçambique estava de rastos.'
'Num país onde há desenvolvimento, este desenvolvimento é acertado com a melhoria das condições de vida da população', afirmou Dhlakama.
'Não podemos olhar só para as exportações do alumínio da Mozal, fazer análise de crescimento e dizer que o país está a desenvolver.É olhando para o desenvolvimento da população, dizer, por exemplo, que no ano X, 40% da população estava desempregada e, hoje, só 5% é que está desempregada', destacou.
'Acho que a população sofre mais hoje do que há cinco anos', aliás, 'se há um elemento que, há cinco anos, conseguia fazer o seu filho estudar, hoje não consegue, porque a vida
piorou: o povo está cada vez mais pobre, mais pé descalço, mas com meia dúzia de empresários', concluiu.
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