Friday, February 24, 2012
Detidos dois agentes da Polícia Municipal em flagrante delito
Sexta, 24 Fevereiro 2012 00:00
Agentes da Polícia Municipal detidos em flagrante delito
Corrupção em plena via pública.
Os dois agentes da Polícia Camarária cobravam, ilicitamente, valores monetários entre 20 e 100 meticais aos transportadores semi-colectivos para a devolução dos seus documentos.
Dois agentes da Polícia Municipal da Cidade de Maputo foram detidos, em flagrante delito, última quarta-feira, por prática de corrupção em plena via pública, na cidade de Maputo, por uma equipa de investigadores do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC), indica um comunicado de imprensa, recebido, ontem, pelo nosso jornal.
“A equipa de investigadores do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) deteve, ontem (22.02.2012), na cidade de Maputo, dois agentes da Polícia Municipal da Cidade de Maputo, afectos ao Distrito Municipal Ka Mavota, em resultado da cobrança ilícita de valores monetários aos automobilistas de transporte semi-colectivo de passageiros”, lê-se do documento.
Os referidos agentes, tal como indica o comunicado, realizavam as sua actividades de rotina na avenida das FPLM, no Bairro de Mavalane.
Foi naquele local onde interpelaram alguns automobilistas dos transportes semi-colectivos de passageiros e tomaram as suas cartas de condução e os restantes documentos da viatura, incluindo as licenças e os comprovativos de pagamento de seguros.
Fonte :Jornal O País
Monday, February 20, 2012
É urgente debater e aprovar pacote anti-corrupção
Escrito por Carlos
Segunda, 20 Fevereiro 2012 11:57
(Maputo) A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) defende que o debate na Assembleia da República do chamado “pacote” legal anti-corrupção deve ser feito separadamente da revisão do Código Penal (CP) e o Código do Processo Penal (CPP), tendo em conta que o “uso daquele instrumento jurídico na administração da justiça é urgente”.
O Parlamento moçambicano adiou a análise do “Pacote Legal Anti-Corrupção” que havia sido agendada para a próxima sessão, a começar a 12 de Março, alegando complexidade de parte das propostas de lei.
De acordo com o porta-voz da OAM, Hélder Matlaba, a AR deve assumir o “pacote” Legal Anti-Corrupção como matéria prioritária e essencial da agenda nacional e o debate e aprovação das matérias que comporta.
Segundo Matlaba, citado pelo Diário de Moçambique, o debate em torno da futura lei anti-corrupção, deverá ocorrer com urgência e concomitantemente “de modo a conferir maior eficiência e eficácia aos seus comandos legais na resolução de casos de corrupção”.
Explicou que não faz sentido que a legislação anti-corrupção seja prejudicada pelo facto de o Parlamento precisar de mais tempo para produzir pareceres sobre a revisão do CP e do CPP, tendo em conta que é consensual que a corrupção é um mal que corrói a sociedade moçambicana.
“Continuamos a assistir a situações de impunidade no domínio da corrupção por falta de mecanismos legais suficientes. O próprio procurador-geral da República (PGR) já se queixou no próprio Parlamento da falta de instrumentos adequados para o seu combate”.
“A nossa proposta é a desintegração da proposta de lei do Código de Ética do Servidor Público e a Lei de Protecção de Denunciantes, Testemunhas e outros sujeitos processuais e outra legislação avulsa do CP e do CPP”, reiterou Matlaba.
Ele frisou que, por exemplo, os sequestros que actualmente estão na ordem do dia iniciam com o tráfico de influências “práticado por pessoas que têm muitos tentáculos e que se manobram à vontade nos corredores da política, polícia, justiça, economia e noutros sectores-chave da sociedade”.
“Esta facilidade com que se movem nesses sectores faz com que tenham armas que os fazem agir com alguma impunidade”, referiu Matlaba, avançando que a OAM vai levar dentro em breve e oficialmente os seus pontos de vista sobre estas matérias à AR.
No entanto, sobre o adiamento da revisão do CP e do CPP, a ODM entende que se for para ter tempo para amadurecer a proposta do Governo é bem vinda, “mas se tiver outra motivação é nociva”.(DM/Redacção)
Fonte Savana: Segunda, 20 Fevereiro 2012 12:07
Quatro crianças morrem depois de cairem de uma viatura da comitiva do PM
Quatro crianças morreram, no sábado, no distrito de Nacala-Porto, depois de cairem de uma viatura que acompanhava o Primeiro-Ministro, Aires Ali, durante a sua mais recente visita a província de Nampula. Tratam-se de António Amade, Titos João, Afonso João e Watata Muanana, com idades compreendidas entre 10 a 17 anos.
Mesmo tendo conhecimento do sucedido, a comitiva do PM não parou para prestar socorro as vítimas.
As referidas crianças faziam-se transportar num camião, tipo Fretline, de marca Mercedes-Benz com chapa de inscrição MAC 71 – 06, e encontraram morte prematura depois de a viatura que seguia em alta velocidade ter travado bruscamente, tendo sido arremeçados.
A comitiva do Primeiro-Ministro, mesmo depois de ter conhecimento do acidente que vitimou as quatro crianças, não parou tendo os menores sido socorridos por terceiros. Mesmo com o grito de pedido de socorro de outras pessoas que seguiam no mesmo veículo, propriedade de um empresario daquele distrito, optou-se por não parar e nem dar assistência às referidas.
Segundo soube a nossa reportagem no terreno, nem o partido Frelimo e, muito menos, o dono da viatura não se preocuparam em assistir às vitimas. Neste momento, alguns parentes das crianças prepararam-se para pedir esclarecimento junto do partido. O mais caricato o assunto das referidas crianças até ontem (domingo) ainda não teve registo no Comando Distrital de Nacala-Porto.
Campanha eleitoral?
O Primeiro-Ministro esteve, entre sexta-feira e sábado, no distrito de Nacala-Porto com o objectivo de se inteirar das actividades do governo do distrito e do município, além de trabalhos ligados ao partido Frelimo. Mas o que se assistiu em Nacala-Porto não foi mais de uma campanha eleitoral.
Aliás, Aires Ali visitou o bairro de Naherengue onde apelou a população a não escolher outras formações políticas que não seja a Frelimo. “Não se esqueçam de votar no partido Frelimo”, disse.
Naquele comício popular o ponto de ordem era o décimo Congresso do partido Frelimo, tendo-se aproveitado a ocasião para pedir aos empresários locais no sentido de contribuirem em valores monetários.
No encontro com os agentes económicos, membros do partido, funcionários públicos e simpatizantes, o peditório tinha um carácter obrigatório, ou seja, estes ficaram a saber que é obrigatório contribuirem para o congresso.
Fonte: A verdade – 20.02.2012
Mesmo tendo conhecimento do sucedido, a comitiva do PM não parou para prestar socorro as vítimas.
As referidas crianças faziam-se transportar num camião, tipo Fretline, de marca Mercedes-Benz com chapa de inscrição MAC 71 – 06, e encontraram morte prematura depois de a viatura que seguia em alta velocidade ter travado bruscamente, tendo sido arremeçados.
A comitiva do Primeiro-Ministro, mesmo depois de ter conhecimento do acidente que vitimou as quatro crianças, não parou tendo os menores sido socorridos por terceiros. Mesmo com o grito de pedido de socorro de outras pessoas que seguiam no mesmo veículo, propriedade de um empresario daquele distrito, optou-se por não parar e nem dar assistência às referidas.
Segundo soube a nossa reportagem no terreno, nem o partido Frelimo e, muito menos, o dono da viatura não se preocuparam em assistir às vitimas. Neste momento, alguns parentes das crianças prepararam-se para pedir esclarecimento junto do partido. O mais caricato o assunto das referidas crianças até ontem (domingo) ainda não teve registo no Comando Distrital de Nacala-Porto.
Campanha eleitoral?
O Primeiro-Ministro esteve, entre sexta-feira e sábado, no distrito de Nacala-Porto com o objectivo de se inteirar das actividades do governo do distrito e do município, além de trabalhos ligados ao partido Frelimo. Mas o que se assistiu em Nacala-Porto não foi mais de uma campanha eleitoral.
Aliás, Aires Ali visitou o bairro de Naherengue onde apelou a população a não escolher outras formações políticas que não seja a Frelimo. “Não se esqueçam de votar no partido Frelimo”, disse.
Naquele comício popular o ponto de ordem era o décimo Congresso do partido Frelimo, tendo-se aproveitado a ocasião para pedir aos empresários locais no sentido de contribuirem em valores monetários.
No encontro com os agentes económicos, membros do partido, funcionários públicos e simpatizantes, o peditório tinha um carácter obrigatório, ou seja, estes ficaram a saber que é obrigatório contribuirem para o congresso.
Fonte: A verdade – 20.02.2012
Wednesday, February 15, 2012
“Esta terra ainda vai cumprir seu ideal”
Por Beluce Bellucci*
A manchete do primeiro caderno da Folha de S. Paulo de 14/08/2011 “Moçambique oferece ao Brasil área de 3 Sergipes”, para o plantio de soja, algodão e milho a agricultores brasileiros com experiência no cerrado, parece trazer uma grande novidade e oportunidade aos capitais e empreendedores brasílicos. A longa matéria no caderno de economia expõe que estas terras estão localizadas nas províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, situadas ao norte daquele país. No mesmo artigo, um consultor indaga, arrogante e desrespeitosamente, “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro que tem conhecimento do cerrado”, responde ele apressadamente. A intenção explicita de colonização nesta passagem não foi contestada pelo jornal ao longo do artigo.
Pela matéria, fazendeiros brasileiros afoitos descobrem que em Moçambique existe “um Mato Grosso” inteiro para ser produzido, e 40 deles (não haverá um Ali?) se “apressam” a no próximo mês visitarem o país. O ministro da agricultura moçambicano revela que as terras poderão ser cedidas por 50 anos, renováveis por mais 50, ao preço módico de R$27,00 por hectare/ano.
Cabe inicialmente perguntar: será esse negócio uma grande novidade? e trará tanta oportunidade quanto a noticia faz parecer? O desconhecimento dos brasileiros que procuram o empreendimento reflete o desconhecimento histórico que o Brasil tem da África e faz jus ao conhecimento dos que a divulgam. Não compete encontrar aqui as razões por que “tão boa oferta” somente agora chega ao Brasil nem tão pouco saber quem está por trás desse affaire. Interesses seguramente devem existir dos dois lados, o africano e o brasileiro.
Mas a quem pode NÃO interessar esse projeto?
A região em questão possui vegetação diversa onde vivem cerca de 12 milhões de pessoas organizadas em sociedades com histórias, línguas, culturas e formação social próprias. Estão lá os macuas, os macondes, os nyanjas, os chuabos e outros. Foi o principal palco da guerra de libertação nacional de 1964 a 1975, e nos anos 80 da guerra de desestabilização levada a cabo pela África do Sul e pela Renamo.
É uma população de resistência e luta. E o que dizem do modelo desse projeto? Que impacto terá sobre essa população? O que pensam outras instituições locais? Quem efetivamente ganha e quem perde produzindo nesse modelo na região? Não falemos em aumento de PIB ou da exportação, mas em nível de vida, em ganhos palpáveis, matérias e imaterias da população. A experiência que os fazendeiros brasileiros dizem ter no cerrado, e o jornal repete, é de produção técnica, não de relações sociais de produção. Ela não inclui a experiência no trato com as sociedades africanas, aliás, neste quesito perdemos para todos os outros concorrentes.
O brasileiro não conhece e quase não sabe andar na África, pouco se interessou pelo continente, seguramente pelo complexo de culpa da escravidão. Foi preciso uma lei, a no. 10.639 de 9/2/2003, para introduzir essa temática nas escolas brasileiras. Só recentemente expandiu suas representações diplomáticas e vem ampliando a cooperação e presença, pese a demanda, interesse e simpatia que os africanos dirigiam ao nosso país. Mas enquanto ficamos ao longo do último século com retórica e boas intenções face aos africanos, pouco fizemos e conhecemos.
Em três décadas de presença na África os chineses se tornaram os maiores parceiros do continente. Antes dos fazendeiros e homens de negócios estiveram os estudiosos, os diplomatas, os estrategistas. Desenvolveram planos de longo prazo e não chamaram as regiões de Shanxi ou de Sergipe. Conheceram a história e respeitaram a soberania dos Estados e seus povos. Muito pode-se criticar sobre a presença chinesa na África, menos que seja aventureira.
A “novidade”
Todos afirmam que a África é hoje um continente subdesenvolvido, isto é, com carências alimentares, na habitação, na saúde, na educação, na capacidade produtiva, mas por quê? Como chegou a se subdesenvolver? Deixemos de lado o tráfico de escravos que mutilou sociedades por mais de três séculos (período que a força de trabalho africana era arrastada a produzir nas fazendas brasileiras – possivelmente em terras dos antepassados dos 40 fazendeiros) e nos aproximemos do século 20.
O que fizeram os europeus, franceses, ingleses, portugueses e belgas na África? O que foi e como foi o colonialismo africano senão um fenômeno do século 20? Não foram lá essas metrópoles para civilizar e levar deus aos africanos? Não foram lá levar a civilização e ensinar-lhes como e o que produzir e consumir? E muito produziram...
Mas como fizeram?
A colonização levada a cabo pelas potências foram entregues a companhias concessionárias (majestáticas ou à charte na França), que recebiam grandes concessões de terra em troca de pagamento de taxas ao estado colonial, na obrigação de produzirem, e para tal podiam explorar e gerir as populações residentes. Umas desenvolveram a agricultura de exportação (para as metrópoles que viviam a revolução industrial), e até integraram regiões com estradas e ferrovias para escoamento. Outras dedicaram-se à exportação de trabalhadores para as minas dos países vizinhos (caso da Companhia do Niassa).
Muito se produziu e se exportou. Criaram-se fortunas com o amendoim, o copra, o algodão, o sisal, o café, o tabaco, a madeira... E onde estão estas riquezas? Nos palácios, estradas e infraestruturas africanas? No sistema de educação, saúde e no nível de alimentação da população negra? O povo africano trabalhou nesse século sob a batuta colonial. Produziu muito no sistema de concessão que agora se quer renovar, e foi esse modelo o que subdesenvolveu a África, trazendo para os africanos a miséria que vivem hoje. E é esse o modelo que agora se quer repetir. Antes dele os povos estavam em melhor situação que após.
Não são as terras fartas que chamam a atenção dos nossos fazendeiros, mas a existência de uma mão de obra que pode trabalhar a baixíssimos salários. Isso porque ela tem acesso à terra, já que boa parte da terra ainda é comunitária, e garante a própria subsistência. Enquanto esses homens trabalham nas fazendas, suas famílias produzem nas roças tradicionais. E, tendo a subsistência garantida, são impelidos ao trabalho quase gratuito, muitas vezes à força como demonstra a história, nas áreas dos fazendeiros brancos. Ao final do processo produtivo, a exportação, o PIB, os bolsos de poucos políticos e empresários nacionais envolvidos poderão crescer, mas a população continuará vivendo basicamente das suas subsistências e cada vez mais dependente de uma sociedade que a vem dominando culturalmente, através do radio e da TV, com canais globais e religiosos universais, cada vez mais produzidos aqui mesmo na tropicália. O contexto para um novo colonialismo está preparado, e a sua repetição transformará o que foi o drama colonial numa farsa liberal.
Na versão colonial do século 20 as sociedades africanas encontravam-se ainda estabelecidas e foram fortemente exploradas nessa articulação com o capitalismo colonial, que a reduziram à pobreza atual. Hoje elas encontram-se fragilizadas, desconfiadas, famintas, e reeditar tal sistema com promessas e perspectivas de que irão melhorar é uma mentira criminosa. Convém observar que a mudança desse modelo de exploração para o modelo desenvolvimentista, industrializante, com início no pós Segunda Guerra facilitou as propostas nacionalistas que culminaram com as independências das colônias na década de 60. Mas este assunto merece outro artigo.
O risco
Dizem que as terras em Moçambique estão ociosas. Na verdade, estão ocupadas há séculos por populações que a cultivam com tecnologias específicas, para a sobrevivência, num sistema que exige grande reserva natural e rotação. Quando os portugueses chegaram no continente encontraram homens e mulheres saudáveis e fortes. Não eram povos subnutridos nem subdesenvolvidos, mas populações com níveis tecnológicos distintos dos colonizadores. Passados o tráfico e o colonialismo, o que restou foram populações desagregadas, famintas, subdesenvolvidas, fruto das políticas produtivistas de quem “tomou conta da região”.
O que nós brasileiros queremos com a África? Mandar para lá fazendeiros para remontarem um sistema já conhecido historicamente e vencido socialmente, que produz e reproduz miséria para a grande maioria e lucro para poucos? Ou temos a intenção e alguma expectativa de estabelecer uma relação de cooperação que aponte para uma sociedade onde a vida das pessoas se transformem e melhorem?
O embaixador moçambicano em Brasília diz que “interessa-nos ter brasileiros em Moçambique produzindo, porque temos grande deficit de alimentos”, e o projeto prevê que será preciso empregar 90% de mão de obra moçambicana. A oferta é para produzir algodão, soja e milho, entre outros, visando a exportação.
Sendo o milho o único atualmente utilizado para alimento humano. A Embrapa prepara as sementes com investimentos do Estado brasileiro, e o presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão diz que “Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete mais barato para a China”.
O chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa diz: “Nessa região, metade da área é povoada por pequenos agricultores, mas a outra metade é despovoada, como existia no oeste da Bahia e em Mato Grosso nos anos 80.” O projeto oferece também isenção para a importação de equipamentos. O que pretende este programa é aproveitar as terras moçambicanas, “de graça”, produzir para exportação, aproveitando-se da mão de obra barata, e a ausência de regulamentação ambiental e sindical.
Entretanto, sabe-se já de início, os projetos são de capital intensivo e grande tecnologia, e vão utilizar pouca mão de obra. Os produtos não serão consumidos no país e a renda interna proveniente será a modesta soma de alguns meticais por ano, que ficará com a instituições estatais. Moçambique não é a Bahia, pois a África não é o Brasil. Mas o “Havaí é aqui” e lá. Como se observa, são projetos que podem ser viáveis economicamente, mas não são sustentáveis do ponto de vista ecológico e muito menos social.
Ao se concretizar a proposta em análise, faremos com que o aprofundamento da relação com a África, tão querida quanto necessária, se dê por um empreendimento tipo colonial comandado por fazendeiros (e jagunços) e com a benção dos estados. Por desconhecimento da história, despreparo dos envolvidos, falta de objetivos estratégicos, estrutura e planejamento do empreendimento, incluído aí o nosso Estado (pese os avanços recentes), a aventura brasileira na África, nos moldes apresentado, tem muita chance de se dedicar a ir descobrir a roda no cerrado e cair no ridículo, perder dinheiro e criar novos personagens conradianos.
Mas, se der certo, dará razão a uma anterior parceria entre Brasil e Moçambique, a de Chico e Rui Guerra, por demais conhecida: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial (...), um imenso Portugal.” Entretanto, um outro modelo de cooperação e investimento entre Brasil e o continente africano é possível e urgente de ser pensado.
Mas temos que nos preparar internamente para isso, num escopo do que queremos para o nosso povo e das relações entre países. É momento de governo, Estado, universidades, empresários, instituições públicas e privadas, como o Instituto Lula, opinarem sobre um novo modelo de parceria entre Brasil e a África, que envolvesse diferentes agentes brasileiros e africanos, inclusive os fazendeiros do cerrado, para encontrar outro ideal a ser cumprido.
*Beluce Bellucci, economista, doutor em história econômica pela USP. Trabalhou mais de 12 anos em Moçambique, onde coordenou projetos agro-industriais na região de Niassa, Cabo Delgado e Nampula, após a independência em 1975, no ministério da Agricultura e no Banco de Desenvolvimento. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro.
Fonte: Moçambique para Todos
A manchete do primeiro caderno da Folha de S. Paulo de 14/08/2011 “Moçambique oferece ao Brasil área de 3 Sergipes”, para o plantio de soja, algodão e milho a agricultores brasileiros com experiência no cerrado, parece trazer uma grande novidade e oportunidade aos capitais e empreendedores brasílicos. A longa matéria no caderno de economia expõe que estas terras estão localizadas nas províncias de Nampula, Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, situadas ao norte daquele país. No mesmo artigo, um consultor indaga, arrogante e desrespeitosamente, “Quem vai tomar conta da África? Chinês, europeu ou americano? O brasileiro que tem conhecimento do cerrado”, responde ele apressadamente. A intenção explicita de colonização nesta passagem não foi contestada pelo jornal ao longo do artigo.
Pela matéria, fazendeiros brasileiros afoitos descobrem que em Moçambique existe “um Mato Grosso” inteiro para ser produzido, e 40 deles (não haverá um Ali?) se “apressam” a no próximo mês visitarem o país. O ministro da agricultura moçambicano revela que as terras poderão ser cedidas por 50 anos, renováveis por mais 50, ao preço módico de R$27,00 por hectare/ano.
Cabe inicialmente perguntar: será esse negócio uma grande novidade? e trará tanta oportunidade quanto a noticia faz parecer? O desconhecimento dos brasileiros que procuram o empreendimento reflete o desconhecimento histórico que o Brasil tem da África e faz jus ao conhecimento dos que a divulgam. Não compete encontrar aqui as razões por que “tão boa oferta” somente agora chega ao Brasil nem tão pouco saber quem está por trás desse affaire. Interesses seguramente devem existir dos dois lados, o africano e o brasileiro.
Mas a quem pode NÃO interessar esse projeto?
A região em questão possui vegetação diversa onde vivem cerca de 12 milhões de pessoas organizadas em sociedades com histórias, línguas, culturas e formação social próprias. Estão lá os macuas, os macondes, os nyanjas, os chuabos e outros. Foi o principal palco da guerra de libertação nacional de 1964 a 1975, e nos anos 80 da guerra de desestabilização levada a cabo pela África do Sul e pela Renamo.
É uma população de resistência e luta. E o que dizem do modelo desse projeto? Que impacto terá sobre essa população? O que pensam outras instituições locais? Quem efetivamente ganha e quem perde produzindo nesse modelo na região? Não falemos em aumento de PIB ou da exportação, mas em nível de vida, em ganhos palpáveis, matérias e imaterias da população. A experiência que os fazendeiros brasileiros dizem ter no cerrado, e o jornal repete, é de produção técnica, não de relações sociais de produção. Ela não inclui a experiência no trato com as sociedades africanas, aliás, neste quesito perdemos para todos os outros concorrentes.
O brasileiro não conhece e quase não sabe andar na África, pouco se interessou pelo continente, seguramente pelo complexo de culpa da escravidão. Foi preciso uma lei, a no. 10.639 de 9/2/2003, para introduzir essa temática nas escolas brasileiras. Só recentemente expandiu suas representações diplomáticas e vem ampliando a cooperação e presença, pese a demanda, interesse e simpatia que os africanos dirigiam ao nosso país. Mas enquanto ficamos ao longo do último século com retórica e boas intenções face aos africanos, pouco fizemos e conhecemos.
Em três décadas de presença na África os chineses se tornaram os maiores parceiros do continente. Antes dos fazendeiros e homens de negócios estiveram os estudiosos, os diplomatas, os estrategistas. Desenvolveram planos de longo prazo e não chamaram as regiões de Shanxi ou de Sergipe. Conheceram a história e respeitaram a soberania dos Estados e seus povos. Muito pode-se criticar sobre a presença chinesa na África, menos que seja aventureira.
A “novidade”
Todos afirmam que a África é hoje um continente subdesenvolvido, isto é, com carências alimentares, na habitação, na saúde, na educação, na capacidade produtiva, mas por quê? Como chegou a se subdesenvolver? Deixemos de lado o tráfico de escravos que mutilou sociedades por mais de três séculos (período que a força de trabalho africana era arrastada a produzir nas fazendas brasileiras – possivelmente em terras dos antepassados dos 40 fazendeiros) e nos aproximemos do século 20.
O que fizeram os europeus, franceses, ingleses, portugueses e belgas na África? O que foi e como foi o colonialismo africano senão um fenômeno do século 20? Não foram lá essas metrópoles para civilizar e levar deus aos africanos? Não foram lá levar a civilização e ensinar-lhes como e o que produzir e consumir? E muito produziram...
Mas como fizeram?
A colonização levada a cabo pelas potências foram entregues a companhias concessionárias (majestáticas ou à charte na França), que recebiam grandes concessões de terra em troca de pagamento de taxas ao estado colonial, na obrigação de produzirem, e para tal podiam explorar e gerir as populações residentes. Umas desenvolveram a agricultura de exportação (para as metrópoles que viviam a revolução industrial), e até integraram regiões com estradas e ferrovias para escoamento. Outras dedicaram-se à exportação de trabalhadores para as minas dos países vizinhos (caso da Companhia do Niassa).
Muito se produziu e se exportou. Criaram-se fortunas com o amendoim, o copra, o algodão, o sisal, o café, o tabaco, a madeira... E onde estão estas riquezas? Nos palácios, estradas e infraestruturas africanas? No sistema de educação, saúde e no nível de alimentação da população negra? O povo africano trabalhou nesse século sob a batuta colonial. Produziu muito no sistema de concessão que agora se quer renovar, e foi esse modelo o que subdesenvolveu a África, trazendo para os africanos a miséria que vivem hoje. E é esse o modelo que agora se quer repetir. Antes dele os povos estavam em melhor situação que após.
Não são as terras fartas que chamam a atenção dos nossos fazendeiros, mas a existência de uma mão de obra que pode trabalhar a baixíssimos salários. Isso porque ela tem acesso à terra, já que boa parte da terra ainda é comunitária, e garante a própria subsistência. Enquanto esses homens trabalham nas fazendas, suas famílias produzem nas roças tradicionais. E, tendo a subsistência garantida, são impelidos ao trabalho quase gratuito, muitas vezes à força como demonstra a história, nas áreas dos fazendeiros brancos. Ao final do processo produtivo, a exportação, o PIB, os bolsos de poucos políticos e empresários nacionais envolvidos poderão crescer, mas a população continuará vivendo basicamente das suas subsistências e cada vez mais dependente de uma sociedade que a vem dominando culturalmente, através do radio e da TV, com canais globais e religiosos universais, cada vez mais produzidos aqui mesmo na tropicália. O contexto para um novo colonialismo está preparado, e a sua repetição transformará o que foi o drama colonial numa farsa liberal.
Na versão colonial do século 20 as sociedades africanas encontravam-se ainda estabelecidas e foram fortemente exploradas nessa articulação com o capitalismo colonial, que a reduziram à pobreza atual. Hoje elas encontram-se fragilizadas, desconfiadas, famintas, e reeditar tal sistema com promessas e perspectivas de que irão melhorar é uma mentira criminosa. Convém observar que a mudança desse modelo de exploração para o modelo desenvolvimentista, industrializante, com início no pós Segunda Guerra facilitou as propostas nacionalistas que culminaram com as independências das colônias na década de 60. Mas este assunto merece outro artigo.
O risco
Dizem que as terras em Moçambique estão ociosas. Na verdade, estão ocupadas há séculos por populações que a cultivam com tecnologias específicas, para a sobrevivência, num sistema que exige grande reserva natural e rotação. Quando os portugueses chegaram no continente encontraram homens e mulheres saudáveis e fortes. Não eram povos subnutridos nem subdesenvolvidos, mas populações com níveis tecnológicos distintos dos colonizadores. Passados o tráfico e o colonialismo, o que restou foram populações desagregadas, famintas, subdesenvolvidas, fruto das políticas produtivistas de quem “tomou conta da região”.
O que nós brasileiros queremos com a África? Mandar para lá fazendeiros para remontarem um sistema já conhecido historicamente e vencido socialmente, que produz e reproduz miséria para a grande maioria e lucro para poucos? Ou temos a intenção e alguma expectativa de estabelecer uma relação de cooperação que aponte para uma sociedade onde a vida das pessoas se transformem e melhorem?
O embaixador moçambicano em Brasília diz que “interessa-nos ter brasileiros em Moçambique produzindo, porque temos grande deficit de alimentos”, e o projeto prevê que será preciso empregar 90% de mão de obra moçambicana. A oferta é para produzir algodão, soja e milho, entre outros, visando a exportação.
Sendo o milho o único atualmente utilizado para alimento humano. A Embrapa prepara as sementes com investimentos do Estado brasileiro, e o presidente da Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão diz que “Moçambique é um Mato Grosso no meio da África, com terra de graça, sem tanto impedimento ambiental e frete mais barato para a China”.
O chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa diz: “Nessa região, metade da área é povoada por pequenos agricultores, mas a outra metade é despovoada, como existia no oeste da Bahia e em Mato Grosso nos anos 80.” O projeto oferece também isenção para a importação de equipamentos. O que pretende este programa é aproveitar as terras moçambicanas, “de graça”, produzir para exportação, aproveitando-se da mão de obra barata, e a ausência de regulamentação ambiental e sindical.
Entretanto, sabe-se já de início, os projetos são de capital intensivo e grande tecnologia, e vão utilizar pouca mão de obra. Os produtos não serão consumidos no país e a renda interna proveniente será a modesta soma de alguns meticais por ano, que ficará com a instituições estatais. Moçambique não é a Bahia, pois a África não é o Brasil. Mas o “Havaí é aqui” e lá. Como se observa, são projetos que podem ser viáveis economicamente, mas não são sustentáveis do ponto de vista ecológico e muito menos social.
Ao se concretizar a proposta em análise, faremos com que o aprofundamento da relação com a África, tão querida quanto necessária, se dê por um empreendimento tipo colonial comandado por fazendeiros (e jagunços) e com a benção dos estados. Por desconhecimento da história, despreparo dos envolvidos, falta de objetivos estratégicos, estrutura e planejamento do empreendimento, incluído aí o nosso Estado (pese os avanços recentes), a aventura brasileira na África, nos moldes apresentado, tem muita chance de se dedicar a ir descobrir a roda no cerrado e cair no ridículo, perder dinheiro e criar novos personagens conradianos.
Mas, se der certo, dará razão a uma anterior parceria entre Brasil e Moçambique, a de Chico e Rui Guerra, por demais conhecida: “Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal, ainda vai tornar-se um império colonial (...), um imenso Portugal.” Entretanto, um outro modelo de cooperação e investimento entre Brasil e o continente africano é possível e urgente de ser pensado.
Mas temos que nos preparar internamente para isso, num escopo do que queremos para o nosso povo e das relações entre países. É momento de governo, Estado, universidades, empresários, instituições públicas e privadas, como o Instituto Lula, opinarem sobre um novo modelo de parceria entre Brasil e a África, que envolvesse diferentes agentes brasileiros e africanos, inclusive os fazendeiros do cerrado, para encontrar outro ideal a ser cumprido.
*Beluce Bellucci, economista, doutor em história econômica pela USP. Trabalhou mais de 12 anos em Moçambique, onde coordenou projetos agro-industriais na região de Niassa, Cabo Delgado e Nampula, após a independência em 1975, no ministério da Agricultura e no Banco de Desenvolvimento. Foi diretor do Centro de Estudos Afro-Asiáticos da Universidade Candido Mendes, Rio de Janeiro.
Fonte: Moçambique para Todos
Sunday, February 12, 2012
Moçambique entre os melhores no desenvolvimento estatístico em África
Moçambique ocupa o segundo lugar no Índice Africano de Desenvolvimento de Estatística (ASDI), pontuando 0,692, segundo um estudo realizado pela Comissão Africana de Estatística das Nações Unidas (UNECA) na sua primeira edição divulgada na III Sessão do Comité de Estatística da UNECA (StatCom) que teve lugar recentemente na Cidade do Cabo.
No encontro da Cidade do Cabo, Moçambique foi ainda eleito primeiro vice-Presidente do ‘StatCom’ que passa a ser liderado pelo Gana.
O primeiro lugar do ‘ranking’ foi ocupado pela África do Sul (0,703) e a Nigéria posicionou-se imediatamente abaixo de Moçambique com 0,645.
Estes resultados mostram que nos três países primeiros classificados os sistemas estatísticos nacionais funcionam de forma harmoniosa, o nível de coordenação é considerado excelente, as infra-estruturas estatísticas estão de acordo com as necessidades pré-estabelecidas, bem como permitem uma avaliação regular das necessidades dos usuários.
Por outro lado, os mesmos significam que a recolha de dados estatísticos, o seu arquivo, a análise e divulgação são realizados dentro dos parâmetros definidos internacionalmente.
O ASDI apurou que estes três países têm desenvolvido um esforço assinalável na concretização das suas estratégias e planos de actividade no campo de produção e disseminação de informação estatística.
A AIM apurou que para a realização do estudo, que se enquadra na implementação do chamado Quadro de Referência Estratégica para Capacitação Estatística em África, foram recolhidos dados de 43 aspectos agrupados em 5 grandes categorias, nomeadamente: Organização e Coordenação do Sistema Estatístico Nacional, Infra-estruturas estatísticas, Disseminação de dados estatísticos, Desenvolvimento de Recursos Humanos e Capacidade de Mobilização de Recursos Financeiros para a Actividade Estatística, considerados determinantes para a produção de estatísticas de qualidade.
As instituições produtoras de estatísticas assim como os sistemas estatísticos dos três países atingiram, ao longo de 2010 (horizonte temporal avaliado), índices considerados maiores para cada um dos cinco aspectos avaliados, do que a média geral de todos os países.
Pela ordem decrescente, os restantes países participantes são: Burquina Faso, Níger, Uganda, Malawi, Algéria, Botswana, Maurícias, Zimbabwe, Camarões, Etiópia, Costa do Marfim, Quénia, Tunísia, Gana, Malí, Ruanda, Gambia, Tanzânia, Chade, Congo Brasaville, Libéria, República Democrática de Congo (RDC), Namíbia, Mauritânia, Guiné-Bissau, Benin, Lesoto, Guiné Equatorial, República Centro Africana, Sudão, Madagáscar, Burundi, Seicheles, Djibouti, Guiné, Togo, Comores, Cabo Verde, Eritreia e Suazilândia.
Fonte: RM
No encontro da Cidade do Cabo, Moçambique foi ainda eleito primeiro vice-Presidente do ‘StatCom’ que passa a ser liderado pelo Gana.
O primeiro lugar do ‘ranking’ foi ocupado pela África do Sul (0,703) e a Nigéria posicionou-se imediatamente abaixo de Moçambique com 0,645.
Estes resultados mostram que nos três países primeiros classificados os sistemas estatísticos nacionais funcionam de forma harmoniosa, o nível de coordenação é considerado excelente, as infra-estruturas estatísticas estão de acordo com as necessidades pré-estabelecidas, bem como permitem uma avaliação regular das necessidades dos usuários.
Por outro lado, os mesmos significam que a recolha de dados estatísticos, o seu arquivo, a análise e divulgação são realizados dentro dos parâmetros definidos internacionalmente.
O ASDI apurou que estes três países têm desenvolvido um esforço assinalável na concretização das suas estratégias e planos de actividade no campo de produção e disseminação de informação estatística.
A AIM apurou que para a realização do estudo, que se enquadra na implementação do chamado Quadro de Referência Estratégica para Capacitação Estatística em África, foram recolhidos dados de 43 aspectos agrupados em 5 grandes categorias, nomeadamente: Organização e Coordenação do Sistema Estatístico Nacional, Infra-estruturas estatísticas, Disseminação de dados estatísticos, Desenvolvimento de Recursos Humanos e Capacidade de Mobilização de Recursos Financeiros para a Actividade Estatística, considerados determinantes para a produção de estatísticas de qualidade.
As instituições produtoras de estatísticas assim como os sistemas estatísticos dos três países atingiram, ao longo de 2010 (horizonte temporal avaliado), índices considerados maiores para cada um dos cinco aspectos avaliados, do que a média geral de todos os países.
Pela ordem decrescente, os restantes países participantes são: Burquina Faso, Níger, Uganda, Malawi, Algéria, Botswana, Maurícias, Zimbabwe, Camarões, Etiópia, Costa do Marfim, Quénia, Tunísia, Gana, Malí, Ruanda, Gambia, Tanzânia, Chade, Congo Brasaville, Libéria, República Democrática de Congo (RDC), Namíbia, Mauritânia, Guiné-Bissau, Benin, Lesoto, Guiné Equatorial, República Centro Africana, Sudão, Madagáscar, Burundi, Seicheles, Djibouti, Guiné, Togo, Comores, Cabo Verde, Eritreia e Suazilândia.
Fonte: RM
Moçambique: ENRC Planeja Countruir Uma Nova Linha Ferroviária para as exportações de carvão
09 fevereiro de 2012 Maputo -
A companhia Baseada em Cazaquistão, a Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) está planejando construir uma estrada de ferro na província moçambicana de Tete oeste até o porto do norte de Nacala, de acordo com seu gerente geral, Paulo Craven
Falando na Cidade do Cabo para o "Dow Jones Newsletter", Craven disse que a ferrovia foi planejado para lidar com um período inicial de 60 milhões de toneladas de carvão por ano.
Esta é a segunda proposta ferroviária de Tete a Nacala. A empresa brasileira de mineração Vale está bem avançado com planos para uma estrada de ferro que será executado a partir de sua mina a céu aberto em Moatize ao sul do Malawi para a ligação com a linha de Nacala-Malawi existente.
Craven diz que a ferrovia ENRC vai evitar Malawi, e será executado inteiramente por território moçambicano. Ele alegou que isso seria tanto mais curto e mais barato do que a rota Vale. A estrada de ferro da Vale tem um custo estimado de quatro mil milhões de dólares norte-americanos.
Ele espera que a ferrovia deve ser concluída até 2015. Mas antes que isso aconteça, uma rota detalhada deve ser trabalhada, e os necessários estudos de impacto social e ambiental deve ser realizado.
O problema para todas as empresas que investem nos vastos depósitos de carvão em Tete é como mover o carvão aos mercados de exportação. A ferrovia já existente para o porto da Beira, a linha de Sena, só pode lidar com seis milhões de toneladas por ano, com possibilidade de dobrar esse número, se as melhorias sejam feitas.
Nacala é uma opção atraente, já que é geralmente considerado como o melhor porto de águas profundas na costa leste Africano. Ao contrário Beira, Nacala não requer dragagem. Mas para chegar a Nacala a partir de Tete, novas ferrovias são necessários.
Craven disse que a ENRC teria instalações portuárias de Nacala adjacentes a Vale. Ele espera que ela inicialmente tenha uma capacidade para 40 milhões de toneladas de carvão por ano, subindo para 60 milhões de toneladas, e com possibilidade de expansão para 100 milhões de toneladas numa fase posterior.
ENRC até agora não explorou qualquer carvão em Tete. Ele tem 12 licenças de exploração na província, e está atualmente trabalhando em um Estima. O projeto é que Estima deverá produzir 20 milhões de toneladas de carvão por ano até 2015-16. Em 2020, ENRC espera que a produção aumente para entre 30 e 40 milhões de toneladas por ano.
ENRC foi fundada no Cazaquistão, e embora tenha expandido em todo o mundo, e está cotada na bolsa de Londres, seus principais ativos permanecem localizado no CazaquistãoUndo edits
Fonte:AllAfrica
A companhia Baseada em Cazaquistão, a Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) está planejando construir uma estrada de ferro na província moçambicana de Tete oeste até o porto do norte de Nacala, de acordo com seu gerente geral, Paulo Craven
Falando na Cidade do Cabo para o "Dow Jones Newsletter", Craven disse que a ferrovia foi planejado para lidar com um período inicial de 60 milhões de toneladas de carvão por ano.
Esta é a segunda proposta ferroviária de Tete a Nacala. A empresa brasileira de mineração Vale está bem avançado com planos para uma estrada de ferro que será executado a partir de sua mina a céu aberto em Moatize ao sul do Malawi para a ligação com a linha de Nacala-Malawi existente.
Craven diz que a ferrovia ENRC vai evitar Malawi, e será executado inteiramente por território moçambicano. Ele alegou que isso seria tanto mais curto e mais barato do que a rota Vale. A estrada de ferro da Vale tem um custo estimado de quatro mil milhões de dólares norte-americanos.
Ele espera que a ferrovia deve ser concluída até 2015. Mas antes que isso aconteça, uma rota detalhada deve ser trabalhada, e os necessários estudos de impacto social e ambiental deve ser realizado.
O problema para todas as empresas que investem nos vastos depósitos de carvão em Tete é como mover o carvão aos mercados de exportação. A ferrovia já existente para o porto da Beira, a linha de Sena, só pode lidar com seis milhões de toneladas por ano, com possibilidade de dobrar esse número, se as melhorias sejam feitas.
Nacala é uma opção atraente, já que é geralmente considerado como o melhor porto de águas profundas na costa leste Africano. Ao contrário Beira, Nacala não requer dragagem. Mas para chegar a Nacala a partir de Tete, novas ferrovias são necessários.
Craven disse que a ENRC teria instalações portuárias de Nacala adjacentes a Vale. Ele espera que ela inicialmente tenha uma capacidade para 40 milhões de toneladas de carvão por ano, subindo para 60 milhões de toneladas, e com possibilidade de expansão para 100 milhões de toneladas numa fase posterior.
ENRC até agora não explorou qualquer carvão em Tete. Ele tem 12 licenças de exploração na província, e está atualmente trabalhando em um Estima. O projeto é que Estima deverá produzir 20 milhões de toneladas de carvão por ano até 2015-16. Em 2020, ENRC espera que a produção aumente para entre 30 e 40 milhões de toneladas por ano.
ENRC foi fundada no Cazaquistão, e embora tenha expandido em todo o mundo, e está cotada na bolsa de Londres, seus principais ativos permanecem localizado no CazaquistãoUndo edits
Fonte:AllAfrica
Mozambique: ENRC Planning New Railway for Coal Exports
9 February 2012 Maputo — The Kazakhstan-based company, the Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC) is planning to build a railway from the western Mozambican province of Tete to the northern port of Nacala, according to its general manager, Paul Craven
Speaking in Cape Town to the "Dow Jones Newsletter", Craven said the ENRC railway was planned to handle an initial 60 million tonnes of coal a year.
This is the second proposed railway from Tete to Nacala. The Brazilian mining company Vale is well advanced with plans for a railway which will run from its open cast mine in Moatize through southern Malawi to link up with the existing Malawi-Nacala line.
Craven says that the ENRC railway will avoid Malawi, and will run entirely through Mozambican territory. He claimed that this would be both shorter and cheaper than the Vale route. The Vale railway has an estimated cost of four billion US dollars.
He expected the railway to be completed by 2015. But before this can happen, a detailed route must be worked out, and the required social and environmental impact studies must be held.
The problem for all the companies investing in the vast coal deposits in Tete is how to move the coal to export markets. The existing railway to the port of Beira, the Sena line, can only handle six million tonnes a year, with a possibility of doubling that figure, if improvements are made.
Nacala is an attractive option, since it is generally regarded as the best deep water harbour on the east African coast. Unlike Beira, Nacala does not require dredging. But to reach Nacala from Tete, new railways are needed.
Craven said the ENRC would have port facilities at Nacala adjacent to Vale's. He expected them initially to have a capacity for 40 million tonnes of coal a year, rising to 60 million tonnes, and with a possibility for expansion to 100 million tonnes at a later stage.
ENRC has so far not mined any coal at all in Tete. It has 12 exploration licenses in the province, and is currently working on one at Estima. The Estima project is expected to produce 20 million tonnes of coal a year by 2015-16. By 2020, ENRC expects production to rise to between 30 and 40 million tonnes a year.
ENRC was founded in Kazakhstan, and although it has expanded across the globe, and is quoted on the London stock exchange, its main assets remain located in Kazakhstan
Source: AllAfrica
Speaking in Cape Town to the "Dow Jones Newsletter", Craven said the ENRC railway was planned to handle an initial 60 million tonnes of coal a year.
This is the second proposed railway from Tete to Nacala. The Brazilian mining company Vale is well advanced with plans for a railway which will run from its open cast mine in Moatize through southern Malawi to link up with the existing Malawi-Nacala line.
Craven says that the ENRC railway will avoid Malawi, and will run entirely through Mozambican territory. He claimed that this would be both shorter and cheaper than the Vale route. The Vale railway has an estimated cost of four billion US dollars.
He expected the railway to be completed by 2015. But before this can happen, a detailed route must be worked out, and the required social and environmental impact studies must be held.
The problem for all the companies investing in the vast coal deposits in Tete is how to move the coal to export markets. The existing railway to the port of Beira, the Sena line, can only handle six million tonnes a year, with a possibility of doubling that figure, if improvements are made.
Nacala is an attractive option, since it is generally regarded as the best deep water harbour on the east African coast. Unlike Beira, Nacala does not require dredging. But to reach Nacala from Tete, new railways are needed.
Craven said the ENRC would have port facilities at Nacala adjacent to Vale's. He expected them initially to have a capacity for 40 million tonnes of coal a year, rising to 60 million tonnes, and with a possibility for expansion to 100 million tonnes at a later stage.
ENRC has so far not mined any coal at all in Tete. It has 12 exploration licenses in the province, and is currently working on one at Estima. The Estima project is expected to produce 20 million tonnes of coal a year by 2015-16. By 2020, ENRC expects production to rise to between 30 and 40 million tonnes a year.
ENRC was founded in Kazakhstan, and although it has expanded across the globe, and is quoted on the London stock exchange, its main assets remain located in Kazakhstan
Source: AllAfrica
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