BLOG DEDICADO À PROVINCIA DE NAMPULA- CONTRIBUINDO PARA UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA EM MOCAMBIQUE

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Friday, September 30, 2011

Um ditador famoso por matar para estar no poder esteve ontem em Chilembene



Denis Sassou Nguesso foi convidado de Estado nas cerimónias do “Ano Samora Machel”


Egídio Vaz, analista político moçambicano, diz que Moçambique está a transmitir uma má imagem de si ao convidar a banquetes de Estado ditadores que até já mataram milhares de pessoas para continuar no poder


Maputo (Canalmoz) - O Estado moçambicano convidou para tomar parte das cerimónias centrais de homenagem ao primeiro presidente de Moçambique independente, Samora Machel, o presidente do Congo Brazaville, Denis Sassou Nguesso, um líder considerado ditador, até sanguinário e que dirige com mão-de-ferro o seu país. É um líder contestado pelos seus métodos de governação.

O presidente do Congo Brazaville é convidado de Estado, segundo um comunicado da presidência da República em posse do Canalmoz. O Estado também convidou o presidente do Botswana, o Tenente General Seretse Khama Ian Khama.


Quem é Nguesso?


Denis Sassou Nguesso chegou à presidência da República do Congo pela primeira vez em 1979 e caiu em 1992, isto é, 13 anos depois. Durante esse período a sua passagem pelo Poder foi caracterizada pela corrupção, falta de liberdades, mandatos de prisão a líderes de oposição e um clima generalizado de repressão, medo e opressão. Nguesso caiu em 1992 nas primeiras eleições livres, onde o povo mostrou que não o queria mais ver no poder, tendo subido ao poder Pascal Lissouba. Inconformado e movido pelo espírito anti-democrático, Denis Sassou Nguesso move uma guerra civil sem precedentes. Em 1997 volta ao poder por via de eleições que foram consideradas pela comunidade internacional como uma verdadeira fraude, incluindo a fraca participação das pessoas que já praticamente perderam as esperanças por um Estado verdadeiramente democrático. Desde 1997 Nguesso permanece no poder. Até hoje, 2011, ou seja, há 14 anos.

De acordo com organizações humanitárias, as guerras civis de 1997 e de 1998-99, promovidas por Sassou Nguesso com ajuda das suas tropas (as ‘Cobras’), o seu regime matou e violou sistematicamente. Fala-se em aproximadamente 100.000 mortos. Um juiz francês disse em 2002 que falar de Nguesso é “falar sobre um ditador”, o autor “de crimes contra a humanidade”. Um fundo de investimento americano mostrou que entre 2003 e 2005, Nguesso desviou receitas fiscais perto de mil milhões de dólares de rendimentos de petróleo. Muitos outros episódios tenebrosos caracterizam o que foi ontem um convidado do nosso Estado, um convidado de Armando Guebuza às cerimónias de homenagem a Samora Machel, na terra natal deste, em Chilembene, na província de Gaza.


Presidentes vaiados por tê-lo como amigo


Em Março de 2006, o então presidente francês Jacques Chirac viu a sua popularidade baixar e foi alvo de muitas críticas quando convidou o ditador Sassou Nguesso do Congo Brazaville, a abrir a Conferência de Paris. Chirac foi acusado de estar a desonrar as contribuições dos cidadãos franceses ao convidar para França um “sanguinário”.

O Congo produz mais de 220 mil barris de petróleo por dia.

Em 2007, o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, também foi amplamente criticado e viu-se na contingência de ter de explicar-se. Depois de um almoço no majestoso palácio de Brazaville, Lula disse no seu discurso de despedida que o Congo era uma “escola de democracia”. O discurso de Lula foi tido como um verdadeiro insulto aos países e líderes que se batem pela democracia.


Estamos a vulgarizar os moçambicanos e seus impostos


Sobre o convite do Estado moçambicano ao presidente do Congo Brazaville, o Canalmoz conversou com o analista político Egídio Vaz. “Há momentos que temos que ser sérios como Estado. Não podemos trazer para um País que se declara democrático um exemplo da anti-democracia”, disse no seu primeiro comentário.

Egídio Vaz questiona: qual é a lição que o Estado moçambicano pretende transmitir quando convida “gente desta estirpe a cerimónias centrais”?

Para Egídio Vaz, Moçambique está a dar um mau exemplo ao promover anti-democratas.

Segundo Vaz, Denis Sassou Nguesso é uma pessoa de má conduta política em África. “Não inspira ninguém, pelo contrário, atormenta”.

Vaz diz ainda que aquela personalidade não é democrata, nem pretende sê-lo. “A única vez que tentou concorrer em eleições perdeu e moveu guerra contra o justo vencedor tendo-o derrubado”, referiu, acrescentando que Moçambique precisa de aprender e consolidar a democracia com bons exemplos e não promover ditadores. (Matias Guente)


Fonte: CanalMoz

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