– acusa Manuel Lole, delegado político da “perdiz” em Sofala
“A Frelimo não tem capacidade de desfazer o grupo de guerrilheiros da Renamo, porque a Renamo é uma força de guerrilha”.
“A grande luta da Frelimo é de acabar com a Renamo, mas quando éramos 120 homens também nada conseguiram, em 1976”.
Beira (Canalmoz) – O delegado político provincial da Renamo em Sofala, Manuel Lole, disse, ontem, à Reportagem do Canalmoz – diário digital e Canal de Moçambique – semanário, não é verdade que a “perdiz” tenha alguma vez tido a intenção de organizar, para o domingo de Páscoa a efectivação de manifestações na cidade da Beira. A “perdiz” apenas prometeu convocar manifestações a partir de 25 de Abril, sem definir uma data específica. “O evento ainda não tem data definida”, referiu alegando que pode acontecer a qualquer momento.
Com efeito, informações antes postas a circular na imprensa diziam que a “perdiz” iria levar a efeito as manifestações no dia 24, que coincidia com o Domingo de Páscoa, festa cristã, mas não se realizaram nem naquela data nem ontem.
Nas palavras de Lole a Frelimo chegou até a criar brigadas de choque para a eventualidade de haver manifestações. De facto, segundo o delegado da Renamo, a Frelimo pegou naquela informação e desatou a distribuir catanas e machados aos respectivos secretários dos bairros, na Beira. A Frelimo espalhou a Polícia por toda a cidade, afirmou o delegado político provincial da Renamo em Sofala, Manuel Lole.
Frustrado assalto ao quartel da Renamo
Entretanto, a despeito das escaramuças da semana passada em Marínguè, envolvendo a guarda da Renamo e a FIR (VSFF Canalmoz de 25 de Abril de 2011) Lole afirmou que “foi uma tentativa frustrada de ataque à casa de Dhlakama, tida também como base da Renamo, em Marínguè”.
“A Frelimo diz que pretendia limpar a pista de aterragem de aeronaves de Marínguè, usada no passado para operações aéreas da guerrilha, mas mau grado, as forças da Renamo exerceram a legítima defesa”, afirmou Lole, para depois acrescentar que “é absurdo que queiram limpar uma pista que nunca lhes pertenceu”.
O facto ocorreu a escassos dias da visita programada do presidente Armando Guebuza ao distrito de Marínguè. “Não houve danos humanos”, garantiu.
Lole acrescentou que desde sábado foi lançado recolher obrigatório em Marínguè, o qual se inicia, diariamente, às 17 horas. “Os polícias fazem rondas, revistam os populares e alguns destes até são despojados do seu dinheiro. Temos informações de que o grupo policial que vela pelo recolher obrigatório saiu da Beira no passado sábado, em missão de reforço do contingente que opera em Marínguè. Sabemos até que alguns protagonizaram violações sexuais a mulheres”, denunciou.
Lole informa que de momento, para lidar com o assunto, Horácio Calavete, chefe de mobilização da perdiz em Sofala, se encontra no terreno.
Manue Lole afirmou, entretanto, que “a Frelimo não tem capacidade de desfazer o grupo de guerrilheiros da Renamo, porque a Renamo é uma força de guerrilha”.
“Só poderá haver negociação”.
“A solução é acolher as propostas da Renamo sobre a reintegração, no exército, de seus militares compulsivamente desmobilizados, a despartidarização do Estado, entre outras”.
A estratégia da Frelimo ao promover a exclusão dos partidos políticos nas últimas eleições visava criar condições para que nenhum partido de oposição chegasse ao poder, opina o delegado da Renamo em Sofala. Em conseqüência disso, hoje a “perdiz” tem 51 deputados, e só poderá ter um membro seu na Comissão Nacional de Eleições e igual número nas comissões distritais de eleições. Enquanto isto, para o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral não poderá contar com nenhum elemento. Significa que a Frelimo se está a organizar para supervisar sozinha as futuras eleições.
Lole, depois de denunciar o propósito da Frelimo diz que este quadro propiciará fraudes e facilitará as vitórias continuadas da Frelimo em eleições.
Lole, a propósito do que acusa tratar-se de manobras da Frelimo, disse explicitamente que a Frelimo quer acabar com a Renamo.
“A grande luta da Frelimo é de acabar com a Renamo, mas quando éramos 120 homens também nada conseguiram, em 1976”.
Explicou que “as reivindicações da Renamo com relação aos pontos exigidos para serem revistos pela Frelimo funda-se na salvaguarda da democracia”.
Lole foi mais longe ao afirmar que a Frelimo quer rever a Constituição da República para limitar os poderes do presidente da República, atribuindo-os ao primeiro-ministro. Mas tal só vai ocorrer – acusa directamente numa linguagem pública sem precedentes – porque acredita-se que o próximo candidato da Frelimo às presidenciais não será do sul do país.
“E como o mesmo não será do sul, a Frelimo está ensaiando um eventual governo com um primeiro-ministro do sul do país, onde o presidente não passará de uma figura decorativa”.
“Querem que teremos um corta-fita na figura de presidente”, sustentou.
Manuel Lole afirmou ainda que já nas forças de segurança está acontecendo o mesmo facto, onde os indivíduos do centro e norte fazem papéis secundários como serventes e cozinheiros, numa situação em que alegadamente são os menos letrados, quando os do sul ocupam posições chaves e posteriormente são enviados para o exterior onde lhes é proporcionada profissionalização.
“Isto mesmo aconteceu na Costa de Marfim. Assim, por lealdade regional, teremos um exército que defenderá uma estrutura tribal, mesmo que esta perca eleições”, pressagiou Lole, tendo afirmado que a luta da Renamo consiste em abrir caminho para a verdadeira justiça, democracia e direitos humanos, na base de igualdade propugnada pela Constituição do país. (Adelino Timóteo)
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