BLOG DEDICADO À PROVINCIA DE NAMPULA- CONTRIBUINDO PARA UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA EM MOCAMBIQUE

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Tuesday, April 19, 2011

Ilha de Moçambique: Munícipes querem cidade mais saudável




MUNÍCIPES da Ilha de Moçambique, província de Nampula, estão empenhados na eliminação do fecalismo a céu aberto, sobretudo na orla marítima, porque reconhecem que esta prática mina os esforços de combate à pobreza urbana que assola a maioria da população daquela cidade, proclamada pela UNESCO património mundial da humanidade.

Maputo, Terça-Feira, 19 de Abril de 2011:: Notícias
O combate ao fecalismo a céu aberto é realizado de várias formas, sendo as mais notáveis a vigilância feita pelos munícipes na costa da cidade histórico-cultural, onde aquele fenómeno social se verificava frequentemente, afectando o meio ambiente.

A reportagem da delegação do “Notícias” em Nampula visitou recentemente na Ilha de Moçambique, onde, entre outras coisas, apurou que a edilidade não se poupa a esforços visando apelar os munícipes para que se empenhem em acções visando o saneamento do meio em que vivem.

Em conversa com Sualé Abacar, morador do bairro Esteu, situado na região insular do município da ilha, a nossa reportagem apurou que todos os residentes locais, organizados a nível dos respectivos quarteirões, estão de mãos dadas com a Polícia Camarária no combate ao fecalismo a céu aberto, considerado um dos factores que causa doenças diarreicas, devido ao consumo de águas contaminadas.

“Ninguém se pode considerar acima do que está regulamentado pela edilidade e todo aquele que é surpreendido a defecar na orla marítima ou nas águas do mar é imediatamente denunciado e conduzido à Polícia Camarária que, por seu turno, sujeita o infractor ao pagamento de um valor estimado em 150 meticais de multa”, disse Sualé Abacar, mostrando-se visivelmente satisfeito pelo facto de o ambiente na ilha estar a registar melhorias notáveis.

Entretanto, existem áreas da Ilha de Moçambique que ainda continuam a registar focos de resistência. Os bairros localizados na contracosta da ilha, nomeadamente Celeiro, Lithine e do Museu, são exemplo negativo desse facto, e, apurámos, tal se deve à falta de organização entre as estruturas de base.

Estêvão Manuel, técnico de Saúde e morador no bairro do Museu, explicou que ainda se assiste, à calada da noite, pessoas que vão ao mangal para defecar, mesmo sabendo das implicações para a sua saúde, bem como das sanções que se sujeitam se forem surpreendidas pela Polícia Camarária.

Correntes há que defendem a necessidade de consolidar os esforços em curso na Ilha de Moçambique, visando a eliminação do fecalismo a céu aberto, através de medidas no sentido de incrementar o número de sanitários públicos e garantia de abastecimento regular de água nos mesmos, bem como em toda a cidade.

Vasco Ribeiro, turista de nacionalidade portuguesa, que não desperdiça a oportunidade de anualmente visitar a Ilha de Moçambique para usufruir do fascínio da cidade e da cultura das gentes locais, defende também a obrigatoriedade de todas as famílias possuírem pelo menos uma latrina nas suas casas.

“Se as crianças crescerem sabendo que não devem ir à praia para defecar porque dispõem de uma casa de banho em suas casas, tenho fé no sucesso dos esforços em curso no sentido de acabar com o fecalismo nas praias. Sabido que a mudança de atitude de uma sociedade é um processo que pode levar o seu tempo, as acções de sensibilização das comunidades levadas a cabo pela edilidade devem prosseguir num ritmo forte e cada vez envolvente, em que as estruturas influentes de base devem tomar a liderança”, disse Vasco Ribeiro.


TURISMO FLORESCE
Maputo, Terça-Feira, 19 de Abril de 2011:: Notícias
A nossa reportagem efectuou uma ronda pelos pontos principais da cidade da Ilha de Moçambique e constatou que onde até meados do ano passado proliferava o fecalismo a céu aberto surgiram pequenas estâncias turísticas e de laser, onde, sobretudo, os jovens encontram o sossego merecido para preparar as suas lições e alimentar o gosto pela leitura.

Referimo-nos à zona do areal, onde pequenos operadores turísticos vendem refrigerantes e bebidas alcoólicas, além de mariscos, que são consumidos por turistas nacionais e estrangeiros debaixo das sombras das instalações construídas com base em material local.

Fátima Hussene, uma das operadoras turísticas da zona, afiançou-nos que tem enfrentado, sobretudo no final da tarde, dificuldades para satisfazer a procura de refrigerantes e bebidas alcoólicas, além de petiscos feitos com recurso a produtos marinhos.

“Nos últimos dias está tudo a correr a contento para os pequenos operadores, e a boa pescaria tem contribuído sobremaneira, porque temos adquirido também lagosta, além de outras espécies de peixe de qualidade para assar na brasa, como o bom apreciador gosta. Talvez seja por isso que algumas mulheres desempregadas têm vindo a este ponto da ilha vender produtos de artesanato, incluindo vestuário que simboliza a indumentária local, e isso diversifica a oferta para os turistas”, disse visivelmente alegre. Os grandes operadores da hotelaria e turismo jubilam com as transformações que a Ilha de Moçambique tem estado a registar nos últimos tempos, em particular com a redução substancial do fenómeno de fecalismo a céu aberto, pois o nível de procura das suas unidades hoteleiras e similares por turistas tem estado a crescer depois de um longo calvário.

No Hotel Omuhipity e residencial Escondedinho, as duas maiores daquela cidade insular, nota-se que o movimento de hóspedes de várias nacionalidades tem estado a crescer. Uma fonte da administração do Hotel Omuhipity disse que a localização da unidade, que fica na margem sul da cidade, tinha deixado de ser um marco importante para os utentes, devido ao cheiro nauseabundo que vinha do mar provocado pela acumulação de dejectos humanos.

Em relação à residencial Escondedinho, as noites dançantes voltaram a alegrar os hóspedes e, em particular, os jovens da ilha, que têm poucos locais para se entreterem, um facto que é apontado pela direcção da unidade como sendo o princípio da viragem naquilo que deve caracterizar uma cidade e em especial uma unidade hoteleira de gabarito.


MELHORAM INFRA-ESTRUTURAS
Maputo, Terça-Feira, 19 de Abril de 2011:: Notícias
A conclusão das obras de reabilitação e reconstrução de importantes infra-estruturas sociais e económicas que relançam a actividade do turismo com impacto nos níveis de qualidade de vida dos munícipes, nomeadamente a ponte que liga o continente à parte insular, construída há 44 anos, e a ponte-cais, que serve de transbordo de turistas e carga, vai catapultar o crescimento da Ilha de Moçambique.

A ponte de acesso à parte insular da ilha, uma relíquia com cerca de quatro quilómetros de cumprimento, encontrava-se em estado de degradação acentuada, tendo por isso sido condicionado o seu uso por viaturas acima de três toneladas, pois corria o risco de desabar, o que traria implicações sérias, pois dela depende o abastecimento de água potável e fornecimento de energia eléctrica à cidade.

Para salvar a infra-estrutura, o Estado desembolsou cerca de 268 milhões de meticais para financiar a execução de obras concentradas na reabilitação ou reposição dos cerca de 230 pilares e 108 vigas que suportam o tabuleiro principal da ponte, corrimões e iluminação pública, entre outras acções realizadas, que vão dar mais tempo de vida à travessia.

Em relação à ponte-cais, que apresenta uma beleza incomensurável, totalmente renovada e mantida na sua estrutura inicial, espera-se que ela venha a ser um motivo para a retomada de cruzeiros, sobretudo no longo Verão da Ilha de Moçambique.

Seguramente, as condições de transbordo dos turistas das lanchas que os vão buscar dos cruzeiros serão mais seguras, pois o cais está preparado para prestar serviços variados aos utentes, pudemos aferir.

Santos Binze, engenheiro residente da Administração Nacional de Estradas, confirmou o facto e acrescentou que se prevê grande fluxo de utentes da ponte-cais, sobretudo na travessia, através de barcos para as estâncias turísticas do lado da Chocas Mar e Cabaceiras, no distrito de Mossuril, do outro lado do Oceano Índico.

Recentemente, iniciaram trabalhos visando calçar uma rodovia na zona da contracosta da ilha, com uma extensão de cerca de 1600 metros, usando pavé, facto que vai elevar os níveis de segurança na circulação de veículos naquela cidade.

As obras fazem parte da segunda fase de reabilitação das vias de acesso da cidade, financiadas, conjuntamente, pelo Governo e seus parceiros.

Por seu turno, o director do Gabinete de Conservação da Ilha de Moçambique, Celestino Gerimula, disse que aquela cidade tem conhecido um fluxo notável de turistas, dependendo da época, mas que não tem sido possível contabilizar o seu número de forma correcta para, através dos dados estatísticos, aferir o valor encaixado pela cobrança de taxas de portagem, entre outros, a que os turistas são sujeitos.

Para melhorar os mecanismos de contagem e fazer com que parte dos fundos pagos pelos turistas seja aplicada a favor de iniciativas conducentes à conservação do acervo da ilha, está em construção o balcão do turista, que vai assegurar a este o serviço necessário.

APOSTA NO INVESTIMENTO
Maputo, Terça-Feira, 19 de Abril de 2011:: Notícias
O Edil da Ilha de Moçambique, Alfredo Matata, disse à nossa reportagem que o sector privado manifestou sempre a vontade de investir em diferentes frentes, como seja hotelaria e turismo, serviços e infra-estruturas, mas que tal facto estava condicionado ao melhoramento das condições de saneamento do meio, que é da responsabilidade da edilidade.

“Fizemos o que nos cabe desde a investidura dos órgãos autárquicos, há dois anos, e nesse capítulo de sensibilização dos munícipes sobre as boas práticas de saúde, vamos prosseguir, porque os problemas de índole social são ultrapassados com tempo. Mas importa referir que estamos agora a correr atrás do prejuízo, ou seja a atrair investidores que sempre estiveram interessados em fazer algo em prol da ilha”, disse Matata.

A edilidade está, neste momento, empenhada na preparação do trabalho de levantamento que vai aferir quantas famílias carecem de latrinas melhoradas, acção que se enquadra nos esforços visando travar o possível retorno do fecalismo a céu aberto em escala.

“O abastecimento de água potável vai melhorar a partir dos finais do presente ano, quando arrancar o processo de reabilitação do sistema que garante água à cidade, e já manifestámos junto do Governo central o nosso apreço em relação à necessidade das obras arrancarem com maior brevidade visando salvaguardar interesses de saúde pública”, afirmou o edil da Ilha de Moçambique.

Em relação às vias de acesso, Alfredo Matata disse que depois de concluída a segunda fase de colocação de pavé na zona da contracosta, vai arrancar a reabilitação da estrada principal da Ilha de Moçambique. Explicou que esta empreitada foi propositadamente deixada para a terceira e última fase, para dar tempo à mobilização de fundos por parte dos parceiros em colaboração com o Governo.

O primeiro edifício dos Correios de Moçambique, actualmente explorado pela empresa Telecomunicações de Moçambique, beneficiou de obras que foram concluídas recentemente por uma empresa de construção civil portuguesa. O edifício, construído há mais de 100 anos, estava a ruir gradualmente, por falta de conservação, e o seu estado actual não só dignifica os ilhéus como atrai curiosos idos de vários pontos do mundo.

•Carlos Tembe

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