BLOG DEDICADO À PROVINCIA DE NAMPULA- CONTRIBUINDO PARA UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA EM MOCAMBIQUE

BLOG DEDICADO À PROVINCIA DE NAMPULA- CONTRIBUINDO PARA UMA DEMOCRACIA VERDADEIRA EM MOCAMBIQUE
ALL MENKIND WERE CREATED BY GOD AND ARE IQUAL BEFORE GOD, AND THERE IS WISDOM FROM GOD FOR ALL

Friday, March 4, 2011

Armando Guebuza: o Norte de África é “um sério aviso” para todo o continente




O presidente moçambicano, que até esta semana participou numa conferência sobre transparência na indústria extractiva em Paris, França, concedeu uma entrevista ao Euronews.

Nela, o estadista moçambicano fala de alguns dos mais relevantes desafios actuais do continente africano: a crise da Costa do Marfim, as revoltas no norte de África e Médio Oriente e os caminhos a desbravar em matéria de transparência governativa e luta contra a corrupção. E reconhece que os acontecimentos no Médio Oriente e no Norte de África são um aviso para a África sub-saariana.

Pela sua importância, transcrevemos aqui a referida entrevista.

Euronews: O mundo está mais do que nunca de olhos postos em África. O senhor é presidente de um país membro da União Africana. Como pensa a UA encontrar uma solução para a crise na Costa do Marfim? Há uma verdadeira estratégia?

Armando Guebuza: Como pode imaginar, existe uma estratégia definida, depois da reunião que tivemos, na cimeira de Adis Abeba. Criou-se um comité para, juntamente com os costamarfinenses, encontrar uma proposta de solução, para a situação que lá existe. Neste comité há chefes de Estado também e, por conseguinte, nós acreditamos que existem condições para encontrar uma saída, para a difícil situação da Costa do Marfim.

Euronews: Há países africanos que acusam alguns estados, nomeadamente, Angola e África do Sul, de estarem a apoiar Laurent Gbagbo e a contribuir assim para a agudização da crise. O que pensa o senhor?

Armando Guebuza: Existem diferenças e é óbvio que, numa situação como esta, haja diferenças. E é por isso mesmo que mereceu uma atenção especial a análise da situação e se preferiu ter alguns desses países no Comité que vai procurar mediar o conflito. O nosso objetivo central, como União Africana, é garantir que, no fim, os resultados eleitorais se reproduzam, se reflitam naquilo que vai ser a nova direção daquele país.

Euronews: Pensa que está para breve a resolução deste conflito?

Armando Guebuza: Nós todos queremos que seja para breve, mas, nessas coisas, não há calendários, não há datas que possam ser definidas. É uma procura para encontrar consensos, numa situação em que há divergências muito fortes, de parte a parte.

Euronews: Como é que interpreta as crises políticas e as revoltas populares no Norte de África? Teme que estas revoltas se possam propagar pelo continente africano?

Armando Guebuza: Nós achamos que os regimes que lá se encontram devem fazer tudo para ouvir e poder respeitar aquilo que representa a vontade popular. Também se está num momento ainda de muitos casos de confrontação. Portanto, não está clara qual será a saída aceite por todas as partes. Nós achamos que a vontade popular deve ser respeitada, mas não podemos dizer até que ponto isto pode influenciar a África sub-saariana. Mas o importante é que é uma aviso para todos nós, um aviso para que possamos trabalhar, no sentido de, na nossa governação, termos em conta aquilo que são as necessidades das populações e, sobretudo, intensificar o diálogo que nós precisamos de ter, com os nossos povos.

Euronews: Moçambique já está a ser afectado com este tipo de situações, de cliclos de crise, como este mundo vem conhecendo. Os preços das matérias primas e o preço dos alimentos, não páram de aumentar. Como é que o seu país está a enfrentar esta escalada dos preços dos alimentos?

Armando Guebuza: Como pode imaginar, a subida do preço do petróleo, com estas crises que existem, é uma ameaça que paira, sobre os nossos países. Por exemplo, no que se refere à comida – tomemos o exemplo do trigo e de outros produtos, outros cereais – a resposta só pode vir com um aumento da nossa produtividade. E nós estamos a preparar-nos para isso, a produção vai aumentar, este ano, mas, naturalmente, não atingirá os níveis que são necessários, para podermos satisfazer aquilo que são as nossas necessidades, em alimentação,logo a seguir. Mas este é que é um elemento que nos vai incentivar a acelerar esses processos de aumento da produção e da produtividade alimentar.

Euronews: Moçambique e a União Europeia estão, neste momento, a negociar um novo acordo de pescas. Um dos grandes desafios do seu país é a luta contra a pesca ilegal, nas águas da região. Como é que Moçambique luta, neste momento, contra este fenómeno? Com que meios?

Armando Guebuza: Trabalhamos em colaboração estreita com a África do Sul e a Tanzânia, mas também ao nível da Europa, nós buscamos apoios dos países, em particular, no caso da Espanha, para que nos possa apoiar, fornecendo-nos meios e formação para que os nossos marinheiros possam intervir.

Euronews: O que lhe parece prioritário fazer em matéria de transparência governativa e luta contra a corrupção?

Armando Guebuza: Eu penso que é uma questão vital. Nós utilizamos os vários mecanismos, tanto da sociedade civil, como dos orgãos do Estado, para poder acompanhar e revelar aquilo que são as receitas e aquilo que são as formas de gastar essas receitas ao nosso povo.

Euronews: Senhor presidente, muito obrigada…

Armando Guebuza: ….muito obrigado também, pela vossa atenção, para com Moçambique.


Fonte: sapo/RM

No comments: