Lázaro kavandame, o "chairman" de Cabo-Delgado e outros pares seus parecem ter tido a razão quando quiseram libertar apenas a sua província - então distrito - e Niassa. Porém, desde que foram mortos pelos "revolucionários", pela linha dura e pura do então movimento nacionalista e volvidos mais de 30 anos de Independência de Moçambique, AS SUAS PROVÍNCIAS ainda continuam na cauda do desenvolvimento nacional. A quem então serve a tão propalada UNIDADE NACIONAL?
Hoje, ao olhar a nossa Praça dos Herois, sinto que ela corre o risco de na verdade se tornar em um SIMPLES CEMITÉRIO FAMILIAR, visto que os que lá repousam pertencem quase à mesma linhagem etno-linguistica, regional e cultural
Em manuais de história; em propaganda político-partidária e em toda esfera pública, escreveu-se, ouviu-se, publicitou-se e inculcou-se na memória dos moçambicanos que os contra-revolucionários e traidores da pátria foram mortos porque trairam os interesses supremos da linha "pura" da revolução moçambicana. Contra eles, foram lançados todos tipos de calúnias, insultos e escârnio, "só" porque pretenderam levantar alguma voz para a sua emancipação e participação em processos de tomada de decisão bem como opinar sobre o modelo de desenvolvimento a independência. Ao rever a direcção original da Frelimo, constituida em 1962 após o seu primeiro Congresso, fiquei desolado ao ver que em apenas um ano, a maioria dos memebros fundadores teria abandonado a direcção e o movimento para se dedicar a outros afazeres ou constituirem outros movimentos que futuramente definharam.
A história oficial chama a isso de "desentendimento e deserções no seio do movimento" enquanto na verdade tratou-se de uma cabala regionalista contra os então "pais" do movimento revolucionário moçambicano.
Um dia ainda iremos recordar-nos, nostálgicos, de Adelino Chitofo Guambe, o jovem fundador da UDENAMO, juntamente com o Reverendo Uria Simango; de Marcelino dos Santos, o sempre preterido quando fosse para tomar a direcção do poder político da Frelimo bem como de outros nacionalistas que tombaram na linha da frente, só porque discordavam de algumas formas de pensar dentro do então movimento.
No momento em que se comemora o "ano Samora Machel", precisamos de debater seriamente sobre como fazer para que diversas figuras provenientes de diferentes partes deste moçambique TAMBÉM FIGUREM E ESTEJAM PRESENTES NO PANTEÃO NACIONAL; e sejam recordados com a mesma efusividade como se comemora hoje Samora Machel, o tal "neto de um grande guerreiro", segundo um jornalista da RM.
Hoje, ao olhar a nossa Praça dos Herois, sinto que ela corre o risco de na verdade se tornar em um SIMPLES CEMITÉRIO FAMILIAR, visto que os que lá repousam pertencem quase à mesma linhagem etno-linguistica, regional e cultural.
É preciso ter coragem para urgentemente corrigirmos o grande erro que se está a cometer e resgatarmos a essência dessa unidade, que tanto sangue fez derramar.
Niassa e os Niassenses chegaram a se "autoflagerarem" chamando a sua província de "terra esquecida". Claro, foi para lá que se exilavaam os improdutivos, segundo Samora Machel e seu Governo. Afinal, era com os improdutivos que se queria erguer uma "cidade" socialista?
Ntelela, Bilibiza e Unango, são localidades onde se acantonavam os reaccionários e prostitutas. São todos distritos de centro e norte de Moçambique. Andre matadi Matsangaissa escapuliu-se da prisão/campo de concentração de Macossa (estou a escrever de memória, não estou certo), após que o regime sul-africano ter bomaberdeado e liberto milhares dos então presos. Também foi no centro do país onde se acantanovam os "ladrões e toda escória da sociedade moçambicana". Ao rever-me no espelho, sinto que esse Moçambique não é meu. E dos outros. Sinto que sou órfão da minha história, porque a oficial, remete todos meus antepassados ao grupo dos traidores da pátria, divisionistas e fracos. Aos Gazenses e Maputenses e de certa forma os inhambanenses, oh, esses, a Praça dos Herois é deles. Tudo isso porque de Nampula, Niassa, Cabo-Delgado, Tete, Sofala e Manica, não vem ninguem digno de representa-los, figurando no panteão nacional. Quando recordamos os heórias nacionais, os cinco nomes que me vem à memória são naturais de gaza, sul de moçambique. Que raio de Unidade Nacional estamos a falar afinal? Sem delongas, urge debatermos sem preconceitos A SEGUINTE PERGUNTA: A QUEM BENEFICIA A UNIDADE NACIONAL?
Temos em tete as minas de tete. 90% da mão-de-obra daquele parque industrial é recrutado de Maputo. O mesmo digo em relação as Areias de Moma, Muebase e quejandos.
Dentro de 20-25 anos, moçambique será país explorador do petróleo. Sairão de Maputo gente para ganhar milhões em Cabo-Delgado e Niassa.
A proespecção do gas-natural de Buzi dará frutos dentro em breve. Mas será de Maputo que sairão cozinheiros para servir os trabalhadores lá.
Eu não sei como se faz a Unidade nacional. Talvés morrendo.
É tempo de redistribuirmos os proventos da guerra de libertação nacional e parar de nos distrair com eventos anestesiantes
Fonte p- ContraPeso 3.0
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