Wednesday, January 19, 2011
63 Bengalis detidos no Aeroporto de Mavalane na posse de vistos falsos
“Este fenómeno agudizou-se deste que a Ethiopian Airlines começou a operar no nosso espaço aéreo, há sensivelmente um mês. Grande parte dos seus passageiros é de origem asiática”.
As autoridades migratórias moçambicanas retiveram, na noite de ontem, 63 indivíduos de nacionalidade bengali, por posse de vistos de entrada no país falsificados. De acordo com António Paulino, chefe dos serviços de migração no Aeroporto Internacional de Mavalane, os mesmos chegaram ao país num voo da companhia aérea Ethiopian Airlines, que transportava na altura cerca de 200 passageiros, na sua maioria de origem asiática. “Durante o processo do despacho migratório, foi possível identificar que pelo menos estes 63 eram portadores de vistos falsos. Procurámos de imediato devolvê-los ao avião, mas a companhia aérea não quis colaborar e o avião acabou levantando voo. Neste momento, serão encaminhados à 18a esquadra, até que na próxima quinta-feira sejam repatriados”.
Na sua maioria, os bengalis ontem detidos afirmavam que vinham à procura de oportunidades de negócio, e que não sabiam que os vistos na sua posse eram falsos. António Paulino esclareceu à nossa equipa de reportagem que o fenómeno é frequente. “Este fenómeno agudizou-se deste que a Ethiopian Airlines começou a operar no nosso espaço aéreo, há sensivelmente um mês. Grande parte dos seus passageiros é de origem asiática. Por isso, queríamos apelar a quem de direito para que faça algo junto das nossas embaixadas e consulados, no sentido de travar a emissão deste tipo de vistos. Muitos até trazem vistos verdadeiros emitidos em Macau, Dubai, Quénia e Tailândia. É preciso que a nível mais alto seja feito algo para se pôr cobro a este fenómeno”, disse aquele agente da Migração, visivelmente indignado com a entrada massiva de supostos investidores de mochilas às costas.
A culpa não é nossa
Em reacção, Hailu Woldekidan, director residente da Ethiopian Airlines em Moçambique, distanciou-se de qualquer envolvimento da sua companhia no transporte ilegal de asiáticos para Moçambique.
“Somos uma companhia de transporte aéreo de passageiros. Eles exibiram os passaportes com vistos de entrada na República de Moçambique, e nós não podemos ignorá-los. Eles vêm de diferentes países e passaram por diferentes países. A nossa responsabilidade é transportá-los, e fizêmo-lo, porque pagaram os bilhetes e todas as despesas inerentes. Neste momento, a nossa missão é assistir aos nossos clientes”, disse.
Um negócio sofisticado
Na verdade, de acordo com fontes por nós ouvidas no aeroporto de Mavalane, a detenção daqueles bengalis foi apenas a ponta do iceberg.
O PAÍS – 19.01.2011
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