considera o académico e membro da Renamo, Eduardo Namburete
Maputo (Canalmoz) -
“A subida dos preços de produtos básicos no mercado nacional vai afectar as pessoas mais pobres, e se o Governo não tomar medidas sérias, a curto prazo, o país voltará a registar manifestações populares”.
A opinião é do Dr. Eduardo Namburete, professor universitário e membro da Renamo.
Namburete aconselha o Governo a “adoptar mecanismos mais eficientes e com a maior urgência possível” e recorda que o país não tem muitas alternativas para reverter a carestia da vida: “A única (alternativa) era a produção agrícola, mas sabemos que o país é “improdutivo” e vive das importações”, diz Namburete em entrevista ao Canalmoz.
Namburete recorda que a principal razão que levou a população a se manifestar no início de Setembro de 2010, foi necessariamente a exacerbação do custo de vida, agravada pelo anúncio do Governo de autorizar o aumento do preço do pão.
O Governo respondeu às manifestações com a introdução de medidas de austeridade e redução relativa dos preços de arroz, pão, luz, água.
Porém, desde o início do presente ano os preços voltaram a disparar. “Moçambique está a registar agravamento de preços dos produtos da primeira necessidade desde o início do presente ano. O Governo já admitiu submeter um orçamento rectificativo à Assembleia da República, pois o orçamento aprovado nos finais do ano passado não previa o actual custo de vida”.
Eduardo Namburete refere que “a população não sabe o que está a acontecer. Apenas sente que a cada dia o custo de vida se torna insuportável para os pacatos salários”.
O académico, ex-deputado à Assembleia da República, entende que o Governo tem uma fórmula na mão para reduzir o custo de vida, mas não está a usá-la.
“Rever os contratos dos mega-projectos é a única solução que o Governo tem para minimizar a crise financeira, evitando, desta forma, as manifestações que poderão complicar a situação política, económica, e social do País. Chegou a hora do Estado moçambicano perceber que a revisão dos impostos de mega-projectos como a MOZAL, VALE, RIVERSDALE, SASOL, entre outros, é necessária para salvar o património”, defende Namburete.
Outros académicos e deputados da Assembleia da República, da Renamo e do MDM, há muito que defendem a mesma solução.
Mas Eduardo Namburete alerta agora que “o país não tem mais recorrência. A contribuição dos doadores no orçamento do Estado não foi suficiente. A produção agrícola é um fracasso, por falta de incentivos. A fraca produção no país é motivada pela ignorância do próprio Governo”.
De recordar por seu turno que o próprio primeiro-ministro, Aires Ali, admitiu recentemente que, pelo facto de “Moçambique não produzir combustíveis, o aumento do seu preço no mercado internacional vai reflectir-se nos sectores produtivos, causando agravamento de preços de produtos de primeira necessidade”.
Eduardo Namburete não vê a culpa do custo de vida somente nas questões externas. Diz que internamente também há problemas, a nível da governação.
“O problema está na liderança dos governantes que beneficiam uns em detrimento doutros”, disse o ex-deputado da Renamo na legislatura passada. (José Mirione)
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